Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 15/04/2011

Móveis Coloniais de Acaju
Brazilian/Alternative/Ska
http://www.myspace.com/moveis
http://www.moveiscoloniaisdeacaju.com.br/

Por: Cleber Facchi

Tudo soa grandioso ao tratar da big band brasiliense Móveis Coloniais de Acaju. Seja pelo número de integrantes que a compõem (nove no total), a pluralidade de instrumentos, a suposta história da “Revolta de Acaju” a que a banda faz referências, isso sem mencionar a coleção de estilos, que juntos formam o que pode ser caracterizado (segundo a própria banda) como uma “feijoada búlgara”. Criado no final dos anos 90, o grupo tem com Idem (2005) seu primeiro e mais do que significativo disco de estúdio.

Entre apresentações em festas de formaturas e shows sem um estilo musical definido (transitando pelo reggae, rock e ska), a banda foi aos poucos definindo sua estética e a proposta do seu som, até que em 2004 entrou finalmente em estúdio, para só sair de lá com seu primeiro trabalho oficial. Sob os cuidados do produtor Rafael Ramos (que já trabalhou com Los Hermanos, Raimundos e Vídeo Hits) a pequena orquestra soltava um conjunto de 12 faixas inspiradas, tomadas por um essencial arranjo de metais e uma sequências de versos irônicos, sinceros e até românticos.

Seja lá qual for sua escolha, qualquer uma das canções chega como um hit fácil, em que o pop se cruza com o ska e o rock se encontra com o reggae, sem contar a presença nada mascarada dos ritmos do leste europeu. A boa repercussão do disco abriu as portas para que a banda circulasse em alguns festivais pelo país, assim os levou a pisar em solos nunca antes desbravados pelo grupo. O Móveis deixava de ser mais uma banda do cenário alternativo, para circular não apenas em programadas da TV aberta, mas inclusive pela Europa, onde seguiram com uma série de seis apresentações.

A justa repercussão estava na mescla entre a sonoridade detalhista da banda – em que adjetivos são falhos para definir tamanha a energia entregue pelos nove integrantes – e as letras repletas de brilhantismos, tendo Fidel, Mussolini, o mercado imobiliário, sadomasoquismo a até a marca de relógios Roléx como elementos no mar de fontes que compõem a poesia da banda.

O álbum se desdobra entre faixas como Perca Peso, E Agora, Gregório? e Seria o Roléx?, em que acontecimentos mundanos, como a vida corrida do personagem da primeira faixa, o ego na segunda e a transformação de um homem em sanduíche na terceira são tratados de maneira cômica, tanto nos versos como na instrumentação. Até quando exploram temas como término de um relacionamento na faixa Aluga-se-Vende, o grupo não faz isso de maneira convencional. Metaforizando uma relação ou o próprio indivíduo em um “quarto e sala” disponível para locação, os brasilienses dão forma àquela que é uma das mais belas composições do rock brasileiro dos anos 2000.

Mais do que uma banda, o Móveis Coloniais de Acaju se converteu em um grande coletivo, onde seus membros se dividem entre o agendamento de shows, vendas dos produtos, manutenção do site e diversas outras atividades. Erroneamente classificados como um dos muitos desdobramentos do Los Hermanos a banda apenas comprova com esse álbum o quão criativas e únicas sãos suas canções.

Idem (2005)

Nota: 8.5
Para quem gosta de: Canastra, Luiza Mandou um Beijo e Orquestra Imperial
Ouça: Aluga-se-Vende

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.