Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 27/01/2011

Kassin +2
Brazilian/Alternative/Experimental
http://www.myspace.com/morenodomenicokassin2

 

A conclusão do projeto +2 encabeçada por Moreno Veloso, Domenico Lancelotti e Alexandre Kassin (sendo o último responsável por guiar o álbum dessa vez) é a soma de todos os acertos (e erros) dos dois lançamentos anteriores. Futurismo (2006) pega os mesmos elementos intimistas do primeiro álbum, o experimentalismo efervescente do segundo e funde tudo em um trabalho simbiótico, repleto de facetas e nuances diversas da música popular brasileira.

O disco não se permite circundar apenas as idéias e composições dos três integrantes chaves do projeto. O fato de Kassin, que é antes de tudo um produtor musical, ter trabalhado com uma pluralidade de artistas anteriormente a essa estreia torna clara a influência externa sobre o terceiro trabalho do grupo. Adriana Calcanhotto, Los Hermanos e Jorge Mautner que já haviam sido produzidos por Kassin em lançamentos anteriores marcam presença em Futurismo. O álbum fica completo com as participações de João Donato e do parceiro de produção Berna Ceppas. O resultado é um trabalho muito mais vivo e coerente que os lançamentos anteriores, em que a inserção de novas vozes, instrumentos e sons dão uma maior abrangência ao que já era amplo dentro do +2.

O fato de o álbum ser lançado antes na Europa, América de Norte e Ásia e o trio ter excursionado por estes mesmos países deu um preparo maior e tempo, para que ao chegar ao Brasil houvesse uma maior aceitação tanto da crítica como do público. Quando lançado em terras tupiniquins o álbum chegou consolidado, tendo poucas pessoas torcendo o nariz para tal lançamento. Quem se interessava pela MPB tradicional foi atrás do álbum pela atuação de Kassin como produtor. Os mais novos foram pelo trabalho dele com o Los Hermanos (o músico produziu os álbuns Ventura e 4 do grupo) e haviam ainda aqueles que acompanharam o projeto desde a estreia em 2000. Dessa forma o álbum atacou por todos os cantos, impedindo que passasse despercebido.

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E bem observado, não há como Futurismo passar despercebido. Cada faixa vem para atender as necessidades de múltilpos ouvintes. Tem MPB “pura” em O Seu Lugar, Esquecido e Antes da Chuva além de rock nas faixas Simbióticos (com Adriana Calcanhotto), Ponto Final e Homem ao Mar. Em Mensagem (com participação dos integrantes do Los Hermanos) a sonoridade é claramente voltada ao público jovem. O experimentalismo de Sincerely Hot (2003), segundo álbum lançado pelo +2, não deixa de marcar presença. Samba Machine é o exemplo mais marcante disso, embora pequenas doses de experimentações marquem a maior parte do álbum.

Conforme o país em que foi lançado o disco vinha com algumas faixas bônus. A edição japonesa (de todas a com o maior número de faixas) finaliza o álbum com uma espécie de transmissão de rádio (Da Sexy Medina Radio Show) intercalada por algumas músicas. Vem daí a ótima Tranquilo, a nem tão bom assim O Sal de Pedro Sá e a eletrônica Trouble. Com o terceiro álbum o trio fecha de maneira brilhante um ciclo em que nenhum estilo, vertente ou forma de som passou sem ser tocada e reformulada pelas mãos do grupo.

 

Futurismo (2006)

 

Nota: 9.0
Para quem gosta de: Los Hermanos, Moreno +2, Domenico +2
Ouça: Água

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.