Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 05/05/2011

Pelvs
Brazilian/Indie Rock/Shoegaze
http://www.myspace.com/pelvsmusic

Por: Cleber Facchi

Sempre que os cariocas da Pelvs lançam um disco novo tal estreia é vista quase como uma celebração, afinal, ao contrário do fluxo normal de bandas, que em média a cada dois anos presenteiam seu público com um trabalho novo, a banda símbolo do indie rock nacional leva um bom número de anos até retornar com alguma novidade. Depois da obra-prima Peninsula, lançado em meados do ano 2000, o grupo carioca precisou de seis anos até retornar com Anotherspot (2006), porém, basta uma pequena audição para ver que toda a espera valeu à pena.

São nove composições fracionadas em pouco mais de cinquenta minutos, onde o velho favoritismo às guitarras distorcidas (algo típico dos primeiros álbuns da banda) faz seu retorno, sem deixar de lado a climatização voltada a surf music, como o que foi proposto pela banda em seu trabalho anterior. De fato Anotherspot surge como uma versão melhorada do que foi construído em 1997 no álbum Members to Sunna, quando a banda convergia The Jesus and Mary Chain e Teenage Fanclub dentro de um mesmo apanhado instrumental.

Musicalmente este é o trabalho mais polido da banda, que encontrou em épocas passadas a possibilidade de gravar apenas em fita cassete alguns de seus álbuns, como o debut Peter Grenaway’s surf, algo que se inverte com o presente registro, onde todas as reverberações, mesmo aquelas fabricadas pelo arranjo triplo de guitarras vêm entregues em uma limpidez cuidadosa. Por mais rebuscada que seja entregue a instrumentação há uma ampla percepção de todos os sons e nuances uma clara evolução mesmo comparado à Peninsula.

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Anotherspot é um disco que se entrega logo na primeira faixa, através de Baby Of Macon, um verdadeiro épico do rock alternativo com mais de dez minutos de duração, em que guitarras ambientais ecoam um coro de suaves distorções, onde os vocais passam quase que despercebidos em meio a climatização proporcionada pelos acordes. A faixa serve como uma grande introdução do que será apresentado no restante do disco, como a tríade de guitarras, os teclados quase adocicados e a percussão característica que preenche cada uma das nove canções do álbum.

Entretanto, quem pensa que o disco se compreende apenas na mesma sonoridade esvoaçada da faixa de abertura tem em Indian Maracas, faixa seguinte, um bom retrospecto da Pelvs, soando de maneira jovial tal qual os primeiros registros da banda nos primórdios dos anos 90. Dali para frente o álbum se divide entre o novo e o referencial, com a banda transitando pelo shoegaze em uma linguagem pop, quase tocando a música psicodélica em alguns momentos, como Beans Can’t Clap, com sua densa camada de sintetizadores e vocais afundados em delays.

Na época de seu lançamento, Anotherspot serviu para que um bom número de ouvintes, que ainda desconheciam o trabalho da banda tivessem acesso não só a esse, mas como aos demais trabalhos do grupo através (principalmente) da internet. A boa repercussão nos cadernos de cultura e publicações musicais foram apenas pequenas constatações sobre a beleza instrumental elaborada pela banda, algo que se evidencia a cada nova audição do disco e que apenas reforça a posição da banda como uma das interessantes em terras nacionais.

Anotherspot (2006)

Nota: 9.0
Para quem gosta de: Wry, Astromato e Brincando de Deus
Ouça: Beans Can’t Clap

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.