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Críticas

The 1975

: "A Brief Inquiry into Online Relationships"

Ano: 2018

Selo: Dirty Hit / Interscope

Gênero: Indie Rock, Pop Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Phoenix, Passion Pit e The Killers

Ouça: Sincerity Is Scary e Love It If We Made It

8.3
8.3

Resenha: “A Brief Inquiry Into Online Relationships”, The 1975

Ano: 2018

Selo: Dirty Hit / Interscope

Gênero: Indie Rock, Pop Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Phoenix, Passion Pit e The Killers

Ouça: Sincerity Is Scary e Love It If We Made It

/ Por: Cleber Facchi 05/12/2018

A julgar pelo som que vem sendo produzido pelo The 1975 desde o primeiro álbum de estúdio, não seria uma surpresa se o grupo de Manchester, Inglaterra, investisse na composição de um material cada vez mais acessível, íntimo do grande público. Um previsível exercício criativo que vem sendo derrubado aos poucos, vide a parcial ruptura estética durante o lançamento de I Like It When You Sleep, for You Are So Beautiful Yet So Unaware of It (2016), mas que acaba alcançando novo resultado nas canções de A Brief Inquiry into Online Relationships (2018, Dirty Hit / Interscope).

Terceiro álbum de estúdio na carreira do quarteto britânico, o trabalho que conta com produção assinada pelos próprios integrantes não apenas perverte como sutilmente amplia parte do repertório que vem sendo testado desde o registro anterior. Composições de essência romântica, sensíveis, porém, mergulhadas em meio a conflitos intimistas, abusos com drogas, caos pessoal e, principalmente, a frieza das relações geradas a partir das redes sociais, conceito explícito logo no título da obra — do português, “uma breve pesquisa sobre relacionamentos on-line“.

Eu só queria fazer um registro sobre a vida e as experiências humanas, e, a internet é parte substancial disso, logo, eu não pude evitar fazer um registro sobre a internet“, explicou o vocalista Matty Healy em entrevista. De fato, resumir o trabalho do grupo britânico à uma obra de temática única seria um erro. Do momento em que tem início, em Give Yourself a Try, música que lembra o Phoenix, em It’s Never Been Like That (2006), até alcançar a derradeira I Always Wanna Die (Sometimes), cada elemento do disco se projeta como uma reflexão precisa sobre a necessidade de amadurecer e sobreviver em meio ao caos diário.

E a ironia está bem, suponho, a cultura é a culpada / Você tenta mascarar sua dor da maneira mais pós-moderna possível / Você não tem substância quando diz / Algo como ‘que vergonha’ / É apenas uma forma auto-referencial que impede você de ser humano“, provoca Healy em Sincerity Is Scary. Uma criação de essência melódica, pensada para grudar da cabeça do ouvinte logo em uma primeira audição, porém, rica na infinidade de pequenos debates, conflitos e inquietações sobre os relacionamentos que se revelam por entre as brechas da canção.

De fato, A Brief Inquiry Into Online Relationships é um trabalho inteiro sobre isso. São músicas deliciosamente acessíveis, radiofônicas, porém, encorpadas pelo evidente amadurecimento lírico de seus realizadores — junto de Healy, a banda é completa pelos músicos Adam Hann, Ross MacDonald e George Daniel. Do rock empoeirado de It’s Not Living (If It’s Not With You), música que soa como um encontro entre The War On Drugs e Duran Duran, passando pela voz rasgada e sintetizadores que invadem Love It If We Made It, típica canção do M83, em Hurry Up, We’re Dreaming (2011), minucioso é o trabalho do quarteto na composição de cada fragmento poético que serve de sustento ao disco.

Claro que essa busca declarada por uma sonoridade plástica não interfere na produção de faixas guiadas pelo sutil experimento. São colagens eletrônicas e ruídos atmosféricos à la Bon Iver, em How to Draw / Petrichor; abstrações sintéticas em I Like America & America Likes Me e até versos declamados na narrativa futurística de The Man Who Married a Robot / Love Theme, música que confessa a influência do clássico OK Computer (1997), do Radiohead, na composição do álbum. Instante em que o quarteto britânico preserva a própria essência, porém, se permite provar de novas possibilidades, apontando a direção para os futuros trabalhos da banda.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.