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Críticas

Everything Everything

: "A Fever Dream"

Ano: 2017

Selo: RCA

Gênero: Indie Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Foals e Wild Beasts

Ouça: Can't Do, Desire e Big Game

7.5
7.5

Resenha: “A Fever Dream”, Everything Everything

Ano: 2017

Selo: RCA

Gênero: Indie Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Foals e Wild Beasts

Ouça: Can't Do, Desire e Big Game

/ Por: Cleber Facchi 23/08/2017

Há tempos o Everything Everything deixou de ser uma das grandes apostas do novo rock britânico para se transformar em uma certeza dentro da cena alternativa. Prova disso está no quarto e mais recente trabalho de inéditas do quarteto formado por Jonathan Higgs, Jeremy Pritchard, Michael Spearman e Alex Robertshaw, o intenso A Fever Dream (2017, RCA), trabalho que mostra o esforço e profundo refinamento técnico da banda original da cidade de Manchester.

Evidente extensão do material produzido há dois anos pelo grupo durante o lançamento do maduro Get To Heaven (2015), colaboração com o produtor Stuart Price (The Killers, New Order) e a busca do grupo por um álbum repleto de referências políticas e debates sociais, o presente registro sustenta na força das guitarras e versos alimentados por temas urbanos o principal componente criativo para a formação das canções. Um misto de continuação e busca declarada por novas possibilidades dentro de estúdio.

Prova disso está na dobradinha formada por Can’t Do e Desire. Ao mesmo tempo em que o quarteto preserva a urgência e guitarras versáteis do trabalho anterior, sobrevive na criativa colagem de sintetizadores e temas eletrônicos um breve distanciamento do som produzido em Get To Heaven. Um som propositadamente dançante, pop, como um regresso torto ao mesmo synthrock produzido pelo quarteto britânico durante as gravações do primeiro álbum de inéditas, o comercial Man Alive (2010).

Parte expressiva dessa forte aproximação do quarteto com o uso de elementos da música eletrônica vem da clara interferência de James Ford, uma das metades do Simian Mobile Disco, como responsável pela produção do trabalho. Da abertura do disco, em Night of the Long Knives, até alcançar a derradeira White Whale, Ford transporta para dentro do álbum a mesma base sintética e aceleração de outros registros produzidos por ele, caso de Myths of the Near Future (2007) do Klaxons e What Went Down (2015) do Foals.

Interessante perceber que mesmo na busca declarada por um som cada vez mais acessível e dançante, em nenhum momento o quarteto se distancia da produção de um material ruidoso, por vezes cru. Prova disso está no rock sujo de Big Game, composição que se abre para a forte interferência das guitarras e distorções. Em Ivory Tower, o mesmo cuidado na composição dos arranjos. Difícil não lembrar da boa fase do Radiohead em In Rainbows (2007), efeito das guitarras rápidas à la Jonny Greenwood que atravessam a canção.

Dinâmico, como tudo aquilo que a banda vem produzindo desde o segundo álbum de inéditas, Arc, lançado em 2013, A Fever Dream segue uma estrutura frenética até o último acorde de White Whale. Livre de possíveis gorduras e excessos, cada composição ao longo do trabalho serve de estímulo para a montagem da faixa seguinte, como um crescente turbilhão instrumental, indicativo da boa forma do quarteto britânico, ainda longe de um possível tropeço ou obra menor.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.