Resenha: “A Weird Exits”, Thee Oh Sees

/ Por: Cleber Facchi 25/08/2016

Artista: Thee Oh Sees
Gênero: Rock Alternativo, Garage Rock, Rock Psicodélico
Acesse: http://www.theeohsees.com/

 

Incrível é a capacidade de John Dwyer em surpreender o público a cada novo trabalho do Thee Oh Sees. Em constante produção desde o ano de 2003, o guitarrista que não consegue passar mais do que alguns meses sem um novo registro de inéditas e nos últimos cinco anos deu vida a uma verdadeira sequência de clássicos – como Putrifiers II (2012), Floating Coffin (2013) e Mutilator Defeated At Last (2015) –, apresenta ao público mais um bem-sucedido álbum de estúdio: A Weird Exits (2016, Castle Faces).

Obra mais acessível de toda a discografia da banda californiana, o registro de apenas oito faixas garante ao ouvinte uma coleção de temas sujos, vozes melódicas e ruídos psicodélicos, reforçando o peso das guitarras dentro do trabalho. Um bom exemplo disso está na faixa de abertura do disco, Dead Man’s Gun. Enquanto a voz de Dwyer flutua em meio a sussurros e vozes ásperas, guitarras velozes, íntimas do rock produzido na década de 1970, confirmam o peso do disco.

Ticklish Warrior, segunda faixa do álbum, é outra que surpreende pelo detalhismo das guitarras. Paredões imensos de ruídos que tanto apontam para o trabalho de veteranos como Dinosaur Jr. e Black Sabath, como para o som produzido por outros conterrâneos do rock californiano, caso de Ty Segall e Mikal Cronin. Um jogo de acordes rápidos, como uma escalada para o céu de reverberações psicodélicas que explode logo em seguida na cósmica Jammed Entrance.

Em Plastic Plant, quarta faixa do disco, Dwyer apresenta uma espécie de sobra do trabalho produzido no último ano, revelando uma avalanche de distorções e efeitos psicodélicos que fariam Kevin Parker, do Tame Impala, sentir inveja. A mesma ambientação caótica acaba se repetindo em Gelatinous Cube, composição que amarra toda o universo de referências exploradas pelo grupo nos últimos anos, porém, de forma acelerada, instável e louca.

Pequeno respiro criativo, a instrumental Unwrap the Fiend Pt. 2, sexta faixa do álbum, talvez seja a canção em que Dwyer e os parceiros de banda mais se distanciam do restante da obra. Um ato despretensioso, leve, como uma fuga do som complexo que chega logo em sequência em Crawl out from the Fall Out. Composição mais extensa do álbum, a música de quase oito minutos nasce como uma representação sonora para sombria a capa do disco, uma ilustração assinada por Robert Beatty, artista gráfico que já trabalhou com nomes como Tame Impala e Oneohtrix Point Never.

Oitava faixa do disco, a também extensa The Axis garante o fechamento perfeito para A Weird Exits. Inicialmente serena, sufocada pela melancolia que escapa dos versos, sintetizadores e arranjos entristecidos que ocupam grande parte da música, a composição de seis minutos explode no momentos finais, fazendo das guitarras distorcidas de Dwyer a passagem para um labirinto de emanações lisérgicos.

 

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A Weird Exits (2016, Castle Faces)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Ty Segall, White Fence e Mikal Cronin
Ouça: The Axis, Dead Man’s Gun e Crawl out from the Fall Out

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.