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Críticas

The Drums

: "Abysmal Thoughts"

Ano: 2017

Selo: ANTI-

Gênero: Indie Rock, Pós-Punk

Para quem gosta de: Beach Fossils e Wild Nothing

Ouça: Blood Under My Belt, Head of The Horse

7.6
7.6

Resenha: “Abysmal Thoughts”, The Drums

Ano: 2017

Selo: ANTI-

Gênero: Indie Rock, Pós-Punk

Para quem gosta de: Beach Fossils e Wild Nothing

Ouça: Blood Under My Belt, Head of The Horse

/ Por: Cleber Facchi 23/06/2017

Melodias ensolaradas, o precioso resgate de elementos do Pós-Punk inglês e do Garage Rock californiano, a confissão sempre honesta dos sentimentos e principais conflitos pessoais. Com todos esses elementos em mãos, Jonathan Pierce e os antigos parceiros de banda deram vida ao primeiro registro de inéditas do The Drums. Uma obra de essência jovial, pop na medida certa, proposta que volta a se repetir dentro do quarto e mais recente álbum de estúdio do grupo nova-iorquino, Abysmal Thoughts (2017, ANTI-).

Primeiro trabalho de Pierce como único integrante da banda, o registro de 12 faixas e pouco menos de 50 minutos de duração chega como uma resposta ao som moroso que marca o experimental Encyclopedia (2014). Uma clara tentativa da banda, na época completa com o músico Jacob Graham, em se reinventar dentro de estúdio, postura que acabou sugando o pós-punk melancólico do antecessor Portamento (2011) para dentro de um ambiente marcado pelo tédio e a repetição.

Dinâmico, Abysmal Thoughts não apenas se distancia desse universo de emanações desinteressantes como traz de volta a mesma energia do The Drums no primeiro álbum de estúdio. Composições marcadas por riffs litorâneos, caso de Blood Under My Belt, ou mesmo atos completamente voltados ao final dos anos 1970, sonoridade detalhada na ácida Rich Kids, música que aponta para a cena nova-iorquina durante a boa fase de artistas como Television, Blondie e demais projetos que surgiram no mesmo período.

Da relação com o trabalho anterior, sobrevive apenas a necessidade de Pierce em detalhar pequenas texturas instrumentais e fragmentos sonoros durante toda a formação do álbum. Um bom exemplo disso está em Head of The Horse. Sexta faixa do disco, a canção dominada pelo uso de sintetizadores cresce em meio ao diálogo de dois garotos, ponto de partida para o universo de exaltações e memórias sobre a infância e libertação sexual do músico – um homossexual criado por um casal de pastores pentecostais.

O mesmo aspecto pessoal de Head of The Horse acaba se refletindo durante toda a construção do disco. Do momento em que tem início Mirror, faixa de abertura do álbum, passando por músicas como Heart Basel, Blood Under My Belt e Are U Fucked, Pierce mergulha em uma espiral de tormentos e pequenas exposições sentimentais. Um claro amadurecimento em relação a grande parte do material produzido em Portamento, obra em que os conflitos do cantor ganham maior destaque.

Trabalho mais inventivo do The Drums desde o homônimo disco de 2010, Abysmal Thoughts não apenas resgata uma série de elementos típicos do som produzido pela banda há sete anos, como detalha experimentos psicodélicos, ruídos e pequenos diálogos com o passado que ampliam o território instrumental da obra. Muito além da atmosfera sorridente de músicas como Let’s Go Surfing e Best Friend, um registro que confirma o completo amadurecimento do grupo nova-iorquino, tão inventivo e jovial quanto em começo de carreira.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.