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Críticas

John Maus

: "Addendum"

Ano: 2018

Selo: Ribbon

Gênero: Experimental, Synthpop, Lo-Fi

Para quem gosta de: Ariel Pink e Oneohtrix Point Never

Ouça: Episode e Privacy

7.6
7.6

Resenha: “Addendum”, John Maus

Ano: 2018

Selo: Ribbon

Gênero: Experimental, Synthpop, Lo-Fi

Para quem gosta de: Ariel Pink e Oneohtrix Point Never

Ouça: Episode e Privacy

/ Por: Cleber Facchi 14/06/2018

Depois de um longo período de hiato, em 2017, John Maus voltou com um novo e inusitado projeto. Além de relançar os primeiros trabalhos de estúdio em vinil, o músico norte-americano anunciou a produção de não apenas um, mas dois álbuns repletos de composições inéditas. De um lado, o sombrio Screen Memories (2017), uma clara sequência de We Must Become the Pitiless Censors of Ourselves (2011), no outro, o recente Addendum (2018, Ribbon).

Como indicado logo no título do trabalho, cada uma das 12 faixas do presente disco se revela como um complemento direto ao material entregue há poucos meses pelo artista. Duas frações de uma mesma obra, visto que tanto as faixas de Addendum como as de Screen Memories foram concebidas nas mesmas sessões. A diferença está na forma como Maus decidiu organizar esse material, transportando o ouvinte para dentro de dois universos completamente diferentes.

Onde antes brotavam faixas densas e guiadas em essência pela programação marcada dos sintetizadores, vide Touchdown e Teenage Witch, hoje surgem composições musicalmente “abertas”, como uma tentativa de Maus em dialogar com a música pop. Não por acaso, Episode, terceira música do disco, foi justamente a canção escolhida para apresentar o trabalho. Uma solução de temas melódicos, como um passeio curioso pela década de 1980.

Claro que a parcial mudança de direção em nada interfere na forma como Maus brinca com a produção de faixas atmosféricas, por vezes íntimas do material entregue no último ano. Exemplo disso está na lenta inserção dos elementos em Privacy, parceria com o velho colaborador, o músico Ariel Pink. São pinceladas eletrônicas e vozes carregadas de efeito, como se o produtor norte-americano compartilhasse segredos de forma angustiada, cercando o ouvinte a cada nota e verso.

É justamente essa estrutura versátil dada ao disco que faz de Addendum uma obra talvez mais interessante do que a sequência de faixas apresentadas ao público em Screen Memories. Há desde músicas que parecem resgatadas de antigos jogos de vídeo game, como Dumpster Baby, até faixas em que Maus transforma todos os clichês da década de 1970/1980 em um importante componente criativo. Sobram passagens pelo pós-punk, como em I Want To Live, e até canções em que o músico se aproxima do pop-futurístico do Devo, vide 1987.

Delirante, como tudo aquilo que vem sendo produzido por Maus desde o amadurecer criativo em We Must Become the Pitiless Censors of Ourselves, Addendum reflete a mesma versatilidade detalhada pelo artista durante o lançamento da coletânea A Collection of Rarities and Previously Unreleased Material (2012). Ideias espalhadas aleatoriamente, porém, conectadas pela estrutura melódica e detalhismo explícito nas incontáveis camadas de cada composição.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.