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Críticas

Franz Ferdinand

: "Always Ascending"

Ano: 2018

Selo: Domino

Gênero: Pop Rock, Dance Rock

Para quem gosta de: Arctic Monkeys e Kaiser Chiefs

Ouça: Always Ascending e Feel The Love Go

7.5
7.5

Resenha: “Always Ascending”, Franz Ferdinand

Ano: 2018

Selo: Domino

Gênero: Pop Rock, Dance Rock

Para quem gosta de: Arctic Monkeys e Kaiser Chiefs

Ouça: Always Ascending e Feel The Love Go

/ Por: Cleber Facchi 13/02/2018

Alex Kapranos e seus parceiros nunca tiveram grandes pretensões com o Franz Ferdinand. Da estreia com o homônimo disco de 2004, passando pelo pop melódico de You Could Have It So Much Better (2005), o breve diálogo com a música disco em Tonight: Franz Ferdinand (2009), até alcançar o rock nostálgico de Right Thoughts, Right Words, Right Action (2013), cada movimento do grupo escocês sempre pareceu pensado para fazer o ouvinte dançar, como uma fuga de outras obras cerebrais que acabaram surgindo no mesmo período.

Em Always Ascending (2018, Domino), quinto registro de inéditas do grupo de Glasgow, a busca declarada pelo mesmo pop rock descomplicado que acompanha a banda desde o início da carreira. Primeiro álbum de estúdio após a despedida do guitarrista/tecladista Nick McCarthy, músico agora substituído por Julian Corrie e Dino Bardot, o trabalho de dez faixas e pouco menos de 40 minutos de duração vai do pop dos anos 1960 (Finally) aos primórdios da dance-punk (Lazy Boy) de forma sempre curiosa, como um contínuo resgate da essência musical do grupo escocês.

Claramente influenciado pela extensa discografia de David Bowie, referência confessa para o trabalho da banda, Always Ascending encontra em obras produzidas entre o final dos anos 1970 e início da década seguinte o principal componente para o fortalecimento das canções. Difícil ouvir a faixa-título do disco e não lembrar de clássicos como Scary Monsters (and Super Creeps) (1980) e Let’s Dance (1983). Sétima canção do álbum, Huck and Jim é outra que transborda nostalgia, mergulhando no mesmo universo da prolífica “era Berlim”.

Para além de Bowie, surgem diálogos breves com a obra de veteranos como Gang of Four, Roxy Music e, principalmente, o art rock do grupo californiano Sparks, com quem a banda de Glasgow excursionou para a divulgação do colaborativo FFS (2015). Influências que acompanham o trabalho do grupo desde o primeiro álbum de estúdio, proposta que naturalmente aproxima o presente disco do registro entregue há 14 anos. Perfeita representação desse resultado está na linha de baixo, batidas e guitarra rasgadas de Lazy Boy, música que parece beber da mesma fonte criativa de clássicos como Take Me Out e The Dark of The Matinée.

Importante notar que mesmo apontando para o passado, Always Ascending está longe de parecer uma obra previsível ou pouco inventiva. Exemplo disso está na dobradinha de encerramento do trabalho. Enquanto Feel The Love Go flerta com a música disco de forma particular, abrindo passagem para a inserção de um saxofone empoeirado, no melhor estilo The Rapture, em Slow Don’t Kill Me Slow, o grupo escocês amplia os próprios domínios. Trata-se de um breve diálogo com a música psicodélica, como um olhar curioso de Kapranos sobre a obra de gigantes da cena britânica, principalmente The Beatles.

Coeso, como tudo aquilo que o Franz Ferdinand vem produzindo desde o início da carreira, Always Ascending mantém firme a identidade musical da banda, porém, a todo instante se permite provar de novas sonoridades. Não por acaso, o grupo decidiu trabalhar em parceria com o experiente Philippe Zdar, uma das metades do projeto francês Cassius e também responsável pela produção de obras icônicas do pop rock recente, como Wolfgang Amadeus Phoenix (2009), do Phoenix, e a estreia do Two Door Cinema Club, o pegajoso Tourist History (2010).

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.