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Ano: 2017

Selo: 2MR

Gênero: Eletrônica, Techno Pop

Para quem gosta de: Yaeji, Grimes e Laurel Halo

Ouça: Ariadna

8.1
8.1

Resenha: “Ariadna”, Kedr Livanskiy

Ano: 2017

Selo: 2MR

Gênero: Eletrônica, Techno Pop

Para quem gosta de: Yaeji, Grimes e Laurel Halo

Ouça: Ariadna

/ Por: Cleber Facchi 11/09/2017

A música sempre foi encarada como uma espécie de fuga para Yana Kedrina. Nascida em outubro de 1990, durante o conturbado período de fragmentação da União Soviética, a artista original da cidade de Moscou, Rússia, encontrou no uso de sintetizadores a temas eletrônicos a passagem para um universo conceitualmente particular. Um campo aberto onde “imagens e idéias de romantismo, temas míticos e conto de fadas” funcionam como o principal componente criativo para o trabalho da produtora russa como Kedr Livanskiy.

Perfeita representação disso está no material apresentado no climático January Sun, EP de oito faixas entregue ao público em fevereiro do último ano. Confissões românticas e delírios oníricos que se espalham de forma vagarosa, dialogando com o mesmo ambient techno de Aphex Twin, Autechre e outros veteranos que foram apresentados ao público no início dos anos 1990. Uma viagem musical em direção ao passado, preferência reforçada no segundo álbum de estúdio da produtora, o recém-lançado Ariadna (2017, 2MR).

Experimental quando próximo do registro entregue há poucos meses, o trabalho de nove faixas encontra na lenta sobreposição dos elementos – batidas, sintetizadores e vozes –, o principal componente para o crescimento de cada composição. Músicas como a autointitulada faixa de abertura do disco, pouco mais de cinco minutos de ambientações etéreas, entalhes dançantes e vozes que sutilmente raspam no trabalho produzido pela canadense Grimes em obras como Halfaxa (2010) e Visions (2012).

Em Your Name (имя твоё), terceira faixa do disco, a busca por um material essencialmente melódico, doce, completo pela poesia confessional e mágica de Kedrina (“Uma noite de sono / Seu nome / E em alguns minutos / O fogo veio“). Na efêmera Mermaid (русалка), ambientações etéreas que se abrem para o experimento da produtora em adaptar trechos de um poema escrito pelo conterrâneo Mikhail Lermontov no século XIX (“A sereia nadou o rio azul / Iluminada pela lua cheia / Em um esforço para alcançá-la / Em uma onda de prata de espuma“).

O mesmo conceito literário volta a ser explorado em ACDC (электричество), parceria com Martin Newell que utiliza trechos do poema O Tigre, de William Blake. Versos sutilmente declamados, como um complemento ao jogo de texturas eletrônicas, sintetizadores empoeirados e ruídos que acompanham o trabalho de Kedrina. Um fragmento que mesmo experimental preserva a atmosfera dançante do restante da obra, abrindo passagem para a sequência formada por Za Oknom Vesna (за окном весна) e a intensa Love & Cigarettes (любовь и сигареты).

Segura continuação do material apresentado pela artista há poucos meses, Ariadna não apenas amplia a relação de Kedr Livanskiy com as pistas, como reforça a busca da compositora russa pela produção de um som cada vez mais complexo, inovador. Composições que amarram passado e presente de forma autoral, como se décadas de referências fossem agrupadas de forma particular, conectando elementos externos ao mundo de sonhos e fantasias que tomam conta dos versos assinados por Kedrina.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.