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Críticas

Negative Gemini

: "Bad Baby"

Ano: 2018

Selo: 100% Electronica

Gênero: Eletrônica, Ambient Pop, Dream Pop

Para quem gosta de: Grimes e Rina Sawayama

Ouça: Bad Baby e You Weren't There Anymore

7.7
7.7

Resenha: “Bad Baby”, Negative Gemini

Ano: 2018

Selo: 100% Electronica

Gênero: Eletrônica, Ambient Pop, Dream Pop

Para quem gosta de: Grimes e Rina Sawayama

Ouça: Bad Baby e You Weren't There Anymore

/ Por: Cleber Facchi 25/01/2018

A versatilidade talvez seja a principal marca do trabalho de Lindsey French. Basta uma rápida passagem pela curta discografia da produtora e cantora nova-iorquina para perceber como diferentes gêneros e possibilidades se cruzam a todo instante. Um colorido labirinto de ideias que orienta a produção dos dois primeiros registros de inéditas da artista como Negative Gemini — Forget Your Future (2013) e Body Work (2016) —, mas que alcança melhor resultado no repertório curto de Bad Baby (2018, 100% Electronica).

Segura continuação do material apresentado pela artista no último ano, o registro de seis faixas, uma delas um remix, resume na inaugural Infin Path parte da sonoridade que vem sendo explorada por French. São ambientações eletrônicas e melodias etéreas que soam como um encontro improvável entre produtores como Burial e a boa fase de Grimes no álbum Visions (2012). Um trampolim para o fino repertório autoral que cresce logo em sequência.

Ponto de partida para o lado mais acessível da obra, Bad Baby, faixa-título do disco, costura quase três décadas de referências em uma estrutura essencialmente frenética, pop e dançante. Entre sintetizadores e batidas encaixadas de forma precisa, French vai da música produzida nos anos 1980 ao presente cenário sem necessariamente perder a própria identidade. Um criativo jogo de referências nostálgicas que parece dialogar com o mesmo universo de cantoras como Sky Ferreira e Rina Sawayama.

Interessante perceber na faixa seguinte do EP, You Weren’t There Anymore, uma parcial fuga desse ambiente dominado por temas eletrônicos. São melodias contidas, sintetizadores e vozes submersas que dialogam com a obra de grupos como o coletivo canadense TOPS. Um aquecimento para o material que chega logo em sequência com Skydiver. Pouco mais de quatro minutos em que French invade um território marcado pela parcial lisergia, lembrando uma versão mágica do som produzido por Ariel Pink no início da carreira.

Em My Innocence, quinta composição do disco, a mesma psicodelia detalhada na faixa que a antecede, porém, em um formato ainda mais experimental, torto, preferência que em nenhum momento prejudica a forte dramaticidade da artista. Perceba como a voz de Franche cresce ao longo da obra, mergulhando em um plano quase teatral, postura que muito se assemelha ao trabalho de Nite Jewel e Carla del Forno nos instantes de maior confissão e delírio poético.

Para o encerramento do trabalho, French decidiu revisitar a faixa-título da obra, porém, partindo de uma nova arquitetura instrumental. São batidas espaçadas e fragmentos de vozes que transportam o ouvinte para o início dos anos 1990, como um passeio pelos clubes de música eletrônica da época. Uma sutil mudança de estrutura na base da canção, mas que resume com naturalidade o amplo domínio da artista nova-iorquina em relação ao cardápio de ideias que rege a obra.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.