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Críticas

Hop Along

: "Bark Your Head Off, Dog"

Ano: 2018

Selo: Saddle Crack

Gênero: Indie Folk, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Waxahatchee e Speedy Ortiz

Ouça: How Simple e Prior Thing

7.8
7.8

Resenha: “Bark Your Head Off, Dog”, Hop Along

Ano: 2018

Selo: Saddle Crack

Gênero: Indie Folk, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Waxahatchee e Speedy Ortiz

Ouça: How Simple e Prior Thing

/ Por: Cleber Facchi 12/04/2018

Frances Quinlan não poderia ter pensado em uma faixa melhor do que How Simple para inaugurar o terceiro álbum de inéditas do Hop Along, Bark Your Head Off, Dog (2018, Saddle Crack). Enquanto os versos confirmam a força sentimental e profunda entrega da cantora norte-americana — “Quão simples meu coração pode ser / Me assusta / Não se preocupe, nós dois vamos descobrir / Apenas não juntos” —, musicalmente, a canção se espalha em pequenas doses, variações rítmicas e possibilidades, apontando a direção seguida pela musicista e demais parceiros de banda durante toda a execução da obra.

São interpretações minuciosas do mesmo rock alternativo testado entre o final dos anos 1990 e início dos anos 2000, como um diálogo particular do grupo da Filadélfia com a obra de veteranos como Neutral Milk Hotel, Pavement e Dr. Dog. Exemplo disso está na sequência formada por Somewhere a Judge e How You Got Your Limp, músicas em que a poesia intimista de Quinlan se dobra de forma a favorecer um registro melódico e pop, mesmo na leve desconstrução dos arranjos.

Nada que se compare ao cuidado da banda em Not Abel. Pouco mais de quatro minutos em que a voz de Quinlan flutua em meio a temas orquestrais e diálogos improváveis com a obra de Vashti Bunyan, referência detalhada na forma como violinos, harpas e todo um conjunto de cordas servem de base para a canção. Um claro refinamento do material entregue há três anos, em Painted Shut (2015), mas que em nenhum momento soa inacessível, efeito da propositada mudança de direção e breve entrega ao pop na segunda metade da canção.

São justamente essas pequenas variações e colagens de diferentes sonoridades que garantem força ao disco. Perceba como a ambientação contida de The Fox in Motion logo se transforma em um ato grandioso, valorizando cada fragmento poético lançado por Quinlan. Difícil não lembrar de Car Seat Headrest, LVL Up e outros projetos recentes que encontram na propositada sobreposição de ideias o principal componente para o crescimento das canções. Faixas que parecem montadas a partir de diferentes retalhos poéticos/instrumentais, vide o lento desvendar de ideias em One That Suits Me.

Composição que mais se aproxima do primeiro grande álbum do Hop Along, Get Disowned (2012), What the Writer Meant rompe com o restante da obra para dialogar com nomes como Speedy Ortiz, Waxahatchee e outros artista interessados em revisitar o rock dos anos 1990. O mesmo conceito nostálgico acaba se refletindo na faixa seguinte, Look of Love, música em que Quinlan brinca com as metáforas e medos pessoais ao relembrar a morte de um cachorro que a atormentava.

Escolhida para o fechamento do trabalho, Prior Thing traz de volta a mesma base orquestral que abre o disco, criando uma atmosfera cíclica em Bark Your Head Off, Dog. “Então, quando você finalmente for / E quando você decidir ir / Eu retomo minha pequena estrada … Por que eu não tento me afastar?“, questiona Quinlan quanto melodias acústicas e arranjos de cordas se revelam em uma estrutura ascendente, por vezes épica, como se todas as experiências detalhadas ao longo da obra conduzissem o ouvinte para um melancólico desfecho.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.