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Críticas

Tess Roby

: "Beacon"

Ano: 2018

Selo: Italians Do It Better

Gênero: Dream Pop, Indie, Synthpop

Para quem gosta de: London Grammar e Austra

Ouça: Beacon e Ballad 5

7.6
7.6

Resenha: “Beacon”, Tess Roby

Ano: 2018

Selo: Italians Do It Better

Gênero: Dream Pop, Indie, Synthpop

Para quem gosta de: London Grammar e Austra

Ouça: Beacon e Ballad 5

/ Por: Cleber Facchi 30/04/2018

Guitarras e sintetizadores espalhados de forma sempre cuidadosa, hipnótica. Da voz forte, íntima de nomes como Florence Welch (Florence + The Machine) e Hannah Reid (London Grammar), um universo de pequenas exposições intimistas e versos sensíveis. Fragmentos poéticos que se revelam como a chave para desvendar as emoções, medos e, principalmente, a alma da cantora e compositora canadense Tess Roby no primeiro álbum de estúdio: Beacon (2018, Italians Do It Better).

Escrito em sua maioria no ano de 2015, logo após a morte do pai da cantora, o álbum produzido em parceria entre Roby e o irmão, Eliot, funciona como “uma espécie de homenagem espiritual – tanto para o pai, quanto para o farol onde a família viajava com frequência“. Dentro desse contexto, cada composição se conecta lírica e musicalmente à faixa seguinte. Não se trata de uma obra conceitual, mas um trabalho guiado em essência pela força dos sentimentos.

Livre de possíveis excessos, o disco de oito faixas ganha forma aos poucos, encaixando retalhos instrumentais e vozes forma sempre sutil, doce. Exemplo disso está nos pequenos blocos que sustentam Catalyst, terceira faixa do disco. Do sintetizador minimalista à voz limpa que se espalha por entre as brechas da canção, perceba como cada elemento ganha forma em uma medida própria de tempo, reforçado a estrutura incorporada durante toda a execução do disco.

O mesmo cuidado se reflete na faixa-título do disco. Um ato lento e convidativo, como se das emoções e experiências particulares da artista, um novo mundo fosse apresentado ao ouvinte. Um convite a se perder em um universo de emanações e temas sensíveis, base para a construção de faixas como a etérea Air Above Mirage, música que poderia facilmente ter sido encontrada em qualquer disco de Kaitlyn Aurelia Smith, efeito da ambientação cósmica utilizada como base da faixa.

Uma das primeiras composições a serem apresentadas ao público, Ballad 5 talvez seja a faixa que mais se distancia do restante da obra, dialogando de maneira explícita com outros trabalhos produzidos pelo selo Italians Do it Better, responsável pela distribuição do álbum. Trata-se de um dream pop minimalista e eletrônico, estrutura evidente na base sintética que não apenas cerca, como serve de complemento ao canto melancólico da canadense.

Acolhedor, como a própria capa do álbum parece reforçar, Beacon funciona como a passagem para um ambiente onde o tempo passa lento e preguiçoso, sempre aos comandos de Roby. Do momento em que tem início, em Given Signs, até alcançar a derradeira Borders, cada fragmento do trabalho parece confortar o ouvinte, convidado a flutuar em meio a memórias, confissões e versos orquestrados pela profunda delicadeza dos temas apresentados pela cantora.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.