Image
Críticas

Bedouine

: "Bedouine"

Ano: 2017

Selo: Spacebomb

Gênero: Folk, Indie Folk

Para quem gosta de: Angel Olsen e Natalie Prass

Ouça: Dusty Eyes e Solitary Daughter

8.2
8.2

Resenha: “Bedouine”, Bedouine

Ano: 2017

Selo: Spacebomb

Gênero: Folk, Indie Folk

Para quem gosta de: Angel Olsen e Natalie Prass

Ouça: Dusty Eyes e Solitary Daughter

/ Por: Cleber Facchi 04/07/2017

Filha de pais armenos, nascida na cidade de Aleppo, na Síria, porém, criada na Arábia Saudita, Azniv Korkejian acabou mudando para os Estados Unidos ainda na infância, onde reside até hoje na cidade de Los Angeles, Califórnia. Dessa mistura de vivências, culturas e referências nasce o primeiro álbum de estúdio da cantora sob o título de Bedouine. São dez composições, pouco menos de 40 minutos em que a artista convida o ouvinte a visitar um cenário marcado pela leveza dos arranjos e profundo detalhamento dos versos.

Claramente inspirada pelo folk dos anos 1960/1970, Korkejian passeia pela obra de veteranas como Vashti Bunyan, Karen Dalton e Joni Mitchell sem necessariamente perder a própria identidade musical. Ambientações acústicas que vão do country ao som bucólico que escapa de diferentes obras produzidas no mesmo período, conceito reforçado no curioso vídeo de Solitary Daughter, um resgate nostálgico da identidade visual de programas de TV da época.

Do violão sereno que abre o disco em Nice and Quiet, Bedouine se atenta para a construção de uma atmosfera essencialmente acolhedora. Guitarras levemente ensolaradas na sertaneja One of These Days, a atmosfera densa e detalhista em Summer Cold, arranjos de cordas em Mind’s Eye. Uma fina tapeçaria acústica que se espalha durante toda a construção da obra, lembrando em alguns aspectos o primeiro álbum de Angel Olsen, Half Way Home (2012), ou mesmo trabalhos recentes de Julie Byrne e Jessica Pratt.

Tamanho refinamento estético e instrumental acaba contribuindo para o completo fortalecimento da poesia intimista que sustenta o registro. São música que exploram o isolamento do eu lírico (Nice and Quiet), a necessidade de revisitar antigos relacionamentos (Back To You) e, principalmente, composições que detalham a sufocante melancolia de Korkejian. Pinceladas dolorosas que atingem melhor resultado em Dusty Eyes, quarta faixa do disco.

Composições sempre extensas, por vezes descritivas e metafóricas, caso da já citada Solitary Daughter. “Eu não quero sua pena / Preocupação ou desprezo / Estou calma em minha solidão / Me sinto em casa“, canta Bedouine. Um precioso exercício sobre a libertação romântica da cantora, postura reforçada durante a construção do verso central da faixa. “Deixe-me em paz com os livros e o programa de rádio / Deixe-me sozinha com o carvão e a sombra dançante“, pontua a artista.

Produzido no Spacebomb Studios, em Richmond, Virginia, a estreia de Korkejian se abre para a rápida colaboração de um time de músicos da cena folk estadunidense. É o caso do baixista californiano Gus Seyffert (Steady Holiday, Juanita Stein), e do experiente Matthew E. White, artista responsável pelo selo que apresenta o trabalho e colaborador em uma série de obras recentes, caso do elogiado debut de Natalie Prass, lançado em 2015. Interferências necessárias, mas que em nenhum momento prejudicam a atmosfera intimista criada por Bedouine.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.