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Críticas

Rhye

: "Blood"

Ano: 2018

Selo: Loma Vista / Hostess

Gênero: R&B, Soul, Indie

Para quem gosta de: Kindness e Jessie Ware

Ouça: Count To Five e Song For You

7.0
7.0

Resenha: “Blood”, Rhye

Ano: 2018

Selo: Loma Vista / Hostess

Gênero: R&B, Soul, Indie

Para quem gosta de: Kindness e Jessie Ware

Ouça: Count To Five e Song For You

/ Por: Cleber Facchi 07/02/2018

Imerso em uma nuvem de emanações românticas e vozes andróginas, Woman (2013), álbum de estreia do Rhye, não apenas serviu para apresentar o trabalho da banda norte-americana, como assumiu um novo direcionamento em relação a outros exemplares recente do R&B/soul. Difícil não se deixar conduzir pelos arranjos minimalistas de Robin Hannibal e a voz provocante de Mike Milosh, representante honesto dos sentimentos de qualquer indivíduo apaixonado.

Em Blood (2018, Loma Vista / Hostess), segundo e mais recente álbum de inéditas do Rhye, uma clara tentativa da banda preservar a mesma essência do disco entregue há meia década. Primeiro registro livre da presença de Hannibal — o músico deixou a banda durante o processo de divulgação do trabalho anterior —, a seleção de 11 faixas e pouco mais de 40 minutos reflete com naturalidade a alma e os desejos de Milosh, agora em busca de um novo amor.

Como indicado durante o processo de apresentação do trabalho, Milosh parece pouco interessado em romper com o material explorado em Woman. Trata-se de uma clara continuação do disco entregue em 2013, preferência que em nenhum momento ecoa de forma desgastada ou prejudicial ao desenvolvimento da obra. Do momento em que tem início em Waste, até alcançar a derradeira Sinful, cada fragmento do disco reflete o mesmo esmero e postura instrumental incorporada há cinco anos.

Mais do que um contínuo preservar da identidade musical conquistada no registro que o antecede, Blood reforça uma série de elementos que apresentaram o projeto de forma ainda mais expressiva. São variações climáticas da música disco, como em Feel Your Weight, o minimalismo sofredor de Please — composição que parece saída de algum trabalho de Jessie Ware —, além de faixas que se entregam ao R&B de forma sempre curiosa, como nos temas orquestrais de Stay Safe e Count To Five.

Enquanto a base do disco chega até o ouvinte em pequenas doses, sussurrando minúcias instrumentais, nos versos, Milosh se entrega por completo. São desilusões amorosas, (re)descobertas sentimentais e confissões que naturalmente dialogam com qualquer ouvinte. “Eu vi a lágrima cair da sua graça / E me apaixonei / Eu vi esse medo quando você me mostrou aquele beijo / Nós nos apaixonamos“, canta em Song For You, perfeita síntese coesa da poesia agridoce que orienta o trabalho.

Sensível, como tudo aquilo Milosh vem produzindo desde o começo da carreira, Blood agrada de maneira inegável, entretanto, difícil ouvir o trabalho e não se questionar sobre o futuro do Rhye. Afinal, teria a banda capacidade de testar os próprios limites criativos, produzindo um som diferente ou minimamente transformador em relação aos dois primeiros discos? Por ora, permanece a incerteza e a garantia temporária de um trabalho que atende ao desejo do público fiel da banda.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.