Resenha: “Búfalo”, Pratagy

/ Por: Cleber Facchi 02/02/2017

Artista: Pratagy
Gênero: Indie, Pop, Alternativo
Acesse: https://pratagy.bandcamp.com/

 

Da mistura de ritmos (e cores) que marca o primeiro álbum de Jaloo, passando pela poesia política que se espalha entre as canções de Em cada verso um contra-ataque (2016), último registro de inéditas da cantora Aila, não faltam grandes exemplares da música pop paraense. Parte desse mesmo universo de artistas, o músico Leonardo Pratagy parece brincar com o uso de boas melodias, sentimentos e vozes, fazendo do recente Búfalo (2017, Independente) uma coleção de temas tão intimistas quanto ensolarados, sempre crescentes.

Primeiro registro de inéditas do cantor e compositor paraense desde o inaugural Pictures, trabalho de sete faixas entregue ao público em junho do último ano, Búfalo se projeta como uma obra essencialmente precisa, segura. São composições montadas a partir da lenta sobreposição de sintetizadores, guitarras e vozes, aproximando Pratagy de outros representantes da cena nacional, caso da carioca Mahmundi e do produtor capixaba Silva.

Assim como o trabalho lançado no último ano, o novo álbum se revela por completo logo nos primeiros minutos. Basta um rápido passeio pela ambientação serena de Tramas Sutis, faixa de abertura do disco, para perceber todo o cuidado no processo de composição da obra. Um precioso diálogo entre Pratagy e time de instrumentistas convidados para o trabalho. Instantes em que a voz do cantor flutua em meio a arranjos contidos e pequenos encaixes instrumentais, sempre delicados.

De essência colorida, tal qual a imagem de capa do disco, Búfalo faz de cada composição um improvável experimento com a música pop. Enquanto De Repente, segunda faixa do disco, mantém os dois pés bem firmes na década de 1980, são as batidas e temas eletrônicas que apontam a direção assumida pelo músico paraense na composição seguinte, faixa-título do álbum. Uma mudança de direção que delicadamente amplia a base instrumental do trabalho.

Em Combu Love, precioso dueto com a cantora Maria Rosa Lima, a construção de uma faixa que poderia facilmente ser encontrada em qualquer disco do Toro Y Moi. Inaugurada pelo uso de melodias enevoadas, batidas e guitarras firmes, a canção lentamente se abre para o jogo de vozes lançadas pela dupla. Versos que traduzem de forma particular os encontros e desencontros de qualquer casal Engulo sem reclamar / A sua falta / Preciso dizer que te amo / Tudo bem”.

Sobram ainda músicas como a acelerada Way Back Home, faixa dominada pelo uso de sintetizadores, batidas rápidas e versos em inglês, além de Vai dar Pé, um pop eletrônico e descomplicado, completo pela a lenta inserção de guitarras e vozes em coro. Canção de encerramento do disco, Make Me Feel reforça a poesia sorumbática que acompanha o ouvinte durante toda a execução da obra. Um angustiado jogo de confissões românticas, fazendo de Búfalo um álbum sempre próximo do ouvinte.

 

Búfalo (2017, Independente)

Nota: 7.8
Para quem gosta de: Mahmundi, Silva e Jaloo
Ouça: Tramas Sutis, De Repente e Combu Love

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.