Image
Críticas

Frankie Rose

: "Cage Tropical"

Ano: 2017

Selo: Slumberland / Grey Market

Gênero: Indie Rock, Dream Pop

Para quem gosta de: Real Estate e Dum Dum Girls

Ouça: Trouble, Red Museum e Dyson Sphere

8.0
8.0

Resenha: “Cage Tropical”, Frankie Rose

Ano: 2017

Selo: Slumberland / Grey Market

Gênero: Indie Rock, Dream Pop

Para quem gosta de: Real Estate e Dum Dum Girls

Ouça: Trouble, Red Museum e Dyson Sphere

/ Por: Cleber Facchi 14/08/2017

Seja como integrante em diferentes projetos da cena norte-americana, como Crystal Stilts, Dum Dum Girls e Vivian Girls, ou atuando em carreira solo, Frankie Rose sempre prezou pelo forte refinamento estético e profundo cuidado na composição dos arranjos e versos. Olhos e ouvidos sempre atentos, apontados para o passado, como um precioso resgate da música produzida entre o final dos anos 1970 e início da década seguinte, base para grande parte da discografia montada pela artista.

Em Cage Tropical (2017, Slumberland / Grey Market), quarto álbum da cantora norte-americana, um novo e delicado passeio em direção ao passado. Coeso quando observado em proximidade ao último trabalho da artista, Herein Wild (2013), cada composição montada para o presente disco cresce em meio a ambientações etéreas, sintetizadores e guitarras marcadas pela completa nostalgia, como um produto das influências que há mais de uma década abastecem a obra de Rose.

Um bom exemplo disso está na trinca de abertura do álbum. Enquanto Love In Rockets esbarra com leveza na obra do Cocteau Twins, difícil ouvir Dyson Sphere e não lembrar de grupos como The Cure, The Smiths e demais representantes do pós-punk/rock gótico inglês. O mesmo vale para a terceira composição do disco, Trouble, música que que se divide entre a cena nova-iorquina e alemão dos anos 1970, soando como um encontro improvável entre Neu! e Blondie.

Surgem ainda músicas como Art Bell e a própria-faixa título do disco, em que Rose e os parceiros de banda se aprofundam ainda mais na composição de boas melodias. Guitarras, pianos, sintetizadores e camadas de distorção que assentam lentamente, como pinceladas acústicas que servem de alicerce para a construção de um refrão sempre pegajoso, acessível. Cuidado que se repete mesmo na derradeira Decontrol, música que transforma a voz doce de Rose em um instrumento complementar.

Nada que se compare ao esforço evidente durante toda a execução de Red Museum. Oitava composição do álbum, a faixa marcada pela parcial melancolia e força dos versos se espalha lentamente, sem pressa, detalhando um universo de guitarras, sintetizadores e vozes sampleadas de forma sempre inventiva. Uma clara continuação do material explorado dentro do principal trabalho de Rose, o excelente Interstellar (2012), obra que ecoa com naturalidade durante toda a formação da música.

Evidente reflexo de uma artista em constante processo de evolução e aprimoramento técnico, Cage Tropical não apenas resgata uma série de elementos que marcaram o pop-rock dos anos 1970/1980, como faz disso o princípio para o nascimento de uma obra marcada pela profunda transformação de Rose. Um curioso exercício da artista em observar, traduzir e interpretar o som produzido há mais de três décadas, dialogando de forma sempre particular com o presente.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.