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Críticas

Castello Branco / Vários Artistas

: "Castello Dança - Sintoma"

Ano: 2018

Selo: Independente

Gênero: Eletrônica, Indie, MPB

Para quem gosta de: Rubel e Cícero

Ouça: Providência e Cara a Cara

7.7
7.7

Resenha: “Castello Dança – Sintoma”, Vários Artistas

Ano: 2018

Selo: Independente

Gênero: Eletrônica, Indie, MPB

Para quem gosta de: Rubel e Cícero

Ouça: Providência e Cara a Cara

/ Por: Cleber Facchi 10/10/2018

Minucioso, Sintoma (2017) se projeta como o típico caso de uma obra que encontra no reducionismo dos versos e fórmulas instrumentais o principal componente criativo para o fortalecimento de cada composição. Frações minimalistas que se convertem em atos de profunda grandeza. Satisfatório perceber em Castello Dança – Sintoma (2018, Independente), coletânea de remixes do segundo álbum de inéditas do cantor e compositor Castello Branco, a mesma sutileza. Um tratamento cuidadoso que se reflete não apenas no novo envelopamento dado aos poemas do artista carioca, mas a cada batida ou mínimo entalhe eletrônico lançado por um time seleto de produtores.

São nomes como Thomash (O Peso do Meu Coração), fundador da Voodoohop, uma das principais festas do centro paulistano, e Spaniol (Nascer do Sômm), um dos criadores e produtor do selo e da festa Sonido Trópico. “Quando fui morar em São Paulo, comecei a frequentar as festas Sonido Trópico, Mamba Negra, Caps Lock, e produzindo a Kubik. E acabei me relacionando com muitos deejays e produtores da cena, o que me instigou a entender e me aprofundar melhor na música eletrônica”, explica o músico no texto de apresentação da obra.

Em um passeio pela América Latina, Branco ainda conta com a colaboração da produtora argentina Cecilia Gebhard, DJ responsável pelo projeto Barda, e que aqui garante novo enquadramento à sensível Cara a Cara, uma das principais músicas de Sintoma. Batidas e vozes que se entrelaçam sem pressa, deliciosamente precisas, reforçando a base intimista da canção. A mesma essência latina ecoa com naturalidade em Estou a Fim, música que ganha nova roupagem pelas mãos do produtor carioca Daniel Lucas (Pigmalião), um dos criadores do selo Frente Bolivarista.

Do continente europeu, vem a colaboração com o produtor germânico Holger Hecler. Dono do remix de Meu Reino, o artista residente em Berlim vai de encontro ao mesmo deep house incorporado por nomes como Nicolas Jaar, conceito reforçado na lenta inserção de cada elemento da faixa. Em Do Interior, quinta música do disco, um novo refinamento estético assinado pelo britânico Billy Caso, artista responsável por transformar a voz de Castello Branco em uma espécie de instrumento complementar, colidindo batidas e ruídos sintéticos de forma contida.

O destaque acaba ficando por conta da nova versão para Providência, segunda música do disco. Originalmente assinada em parceria com a cantora e compositora Mãeana, a faixa assumida pelo produtor e engenheiro de som NU parece brincar com a experiência do ouvinte, servindo de passagem para um ambiente de formas flutuantes, vozes ecoadas e guitarras pontuais, sempre acolhedoras. Um som precioso, mágico, conceito que se reflete com naturalidade em Evidente, música remontada pelo músico Tomás Troia, parceiro de Branco desde a extinta R.Sigma e produtor responsável pelo excelente Sinto Muito (2018), estreia solo da cantora Duda Beat.

Naturalmente delicado, como tudo aquilo que Castello Branco vem explorado desde o primeiro álbum de estúdio, Serviço (2013), Castello Dança – Sintoma preserva a leveza do registro original, entregue há poucos meses, porém, transporta o som produzido pelo músico carioca para um novo território. São melodias e versos que se amarram de forma sutil, correndo por entre as brechas de sintetizadores, batidas fragmentadas e ambientações atmosféricas que parecem cercar e confortar o ouvinte.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.