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Críticas

Mariah Carey

: "Caution"

Ano: 2018

Selo: Butterfly MC / Epic

Gênero: R&B, Hip-Hop, Pop

Para quem gosta de: Janet Jackson e Blood Orange

Ouça: With You, Giving Me Life e GTFO

7.8
7.8

Resenha: “Caution”, Mariah Carey

Ano: 2018

Selo: Butterfly MC / Epic

Gênero: R&B, Hip-Hop, Pop

Para quem gosta de: Janet Jackson e Blood Orange

Ouça: With You, Giving Me Life e GTFO

/ Por: Cleber Facchi 28/11/2018

Quatro anos após o lançamento do último álbum de estúdio, Me. I Am Mariah… The Elusive Chanteuse (2014), Mariah Carey está de volta com um novo registro autoral. Em Caution (2018, Butterfly MC / Epic), a cantora, compositora e produtora norte-americana mais uma vezes segue a trilha criativa que vem percorrendo desde o maduro The Emancipation of Mimi (2005), sua obra mais completa na década de 2000. Composições guiadas pela força dos sentimentos, delírios românticos, sexo e separação, base para cada uma das canções que recheiam o presente disco.

Com produção assumida por diferentes nomes do novo pop e R&B, como o canadense Nineteen85 (Drake, dvsn), DJ Mustard (Tinashe, Nicki Minaj) e Skrillex (Justin Bieber, Jack Ü), além, claro, de estreitar a relação com veteranos da indústria, como o parceiro de longa data, o produtor Jermaine Dupri, Timbaland e No I.D., Caution talvez seja o trabalho mais diverso e musicalmente versátil de Carey em mais de uma década. Composições que vão do minimalismo eletrônico ao soul empoeirado dos anos 1970 e 1980, como uma clara tentativa da cantora em se (re)encontrar dentro de estúdio.

Prova disso está na sequência de abertura do disco, uma dobradinha composta por GTFO e With You. Enquanto a faixa que inaugura do trabalho dialoga de forma sutil com a obra de “novatos” como Drake, Rihanna e demais personagens de destaque do Hip-Hop norte-americano, na faixa seguinte, pianos e vozes cuidadosamente trabalhadas por Carey transportam o ouvinte para o passado. Difícil não lembrar da boa fase de Janet e Michael Jackson entre o final dos anos 1980, cuidado que se reflete na profunda entrega sentimental que embala os versos da canção – “Eu estou apaixonada, isso é verdade“.

A mesma força na composição das batidas e versos ecoa com naturalidade naquela que é uma das principais criações do disco: Giving Me Life. Concebida em parceria com o rapper Slick Rick e o britânico Blood Orange, também responsável pela produção do material, a faixa marcada pela lenta sobreposição dos sintetizadores e vozes parece apontar para o passado, resgatando parte da atmosfera detalhada em clássicos como Daydream (1995) e Butterfly (1997). “Aqui em meus braços é onde você deveria estar“, canta em um ato de profunda confissão romântica, alternando entre a melancolia e a libertação.

No restante da obra, Carey se concentra em estreitar a relação com o pop, reservando ao público uma sequência de faixas pensadas para grudar na cabeça do ouvinte. É o caso de A No No, composição marcada pela rima provocativa e uma possível resposta da cantora aos ataques e boatos espalhados por Stella Bulochnikov, sua ex-empresária. Em Stay Long Love You, colaboração com o rapper Gunna, versos marcados pela lascívia e entrega do eu lírico, conceito também explícito em The Distance, parceria com Ty Dolla Sign em que reflete sobre a própria vida amorosa.

Embora coeso, Caution é uma obra que claramente sobrevive de instantes. Falta ao registro a mesma identidade criativa explicita em alguns dos principais trabalhos da artista, em geral, assumidos por um time menor de colaboradores. É justamente quando restringe esse número de parceiros que Carey entrega ao público algumas de suas melhores composições. Músicas como Giving Me Life, With You ou mesmo a derradeira Portrait. Fragmentos sentimentais e poéticos em que a voz da cantora ganha força e cresce, apontando para um passado ainda recente na própria carreira.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.