Resenha: “Cheetah”, Aphex Twin

/ Por: Cleber Facchi 15/07/2016

Artista: Aphex Twin
Gênero: Electronic, IDM, Techno
Acesse: https://www.facebook.com/aphextwinafx/

 

Desde a década de 1990 que Richard D. James não vivia uma fase tão produtiva. Em um intervalo de apenas dois anos, o produtor irlandês não apenas deu fim ao longo período de hiato que silenciou o Aphex Twin por mais de uma década — lançando o excelente Syro em 2014 —, como deu vida a dois ótimos EPs — Computer Controlled Acoustic Instruments pt2 e Orphaned Deejay Selek 2006–08, ambos apresentados ao público em 2015 — e ainda despejou uma série de composições inéditas no soundcloud.

Em Cheetah EP (2016, Warp), mais recente trabalho de inéditas como Aphex Twin, James continua a resgatar a própria essência musical. Do título inspirado em Cheetah Marketing — companhia inglesa especializada em produzir softwares de música eletrônica nos anos 1980 —, passando pela atmosfera levemente dançante que orienta grande parte das canções, cada uma das sete músicas do registro estabelecem uma espécie de ponte para os primeiros anos do produtor.

Como em grande parte dos registros produzidos pelo artista irlandês há mais de duas décadas, Cheetah se fragmenta em pequenos blocos de canções com tempos e ambientações diferentes. Um bom exemplo disso está na própria faixa-título do registro. São quatro variações de um mesmo conceito instrumental — CHEETAHT2 [Ld spectrum], CHEETAHT7b, CHEETA1b ms800 e CHEETA2 ms800 —, como se James explorasse todas as possibilidades da própria obra.

Em CIRKLON3 [Колхозная mix] e CIRKLON 1, a representação do lado dançante do registro. São batidas quebradas, ruídos minimalistas, texturas, sintetizadores serenos e toda uma coleção de pequenos fragmentos eletrônicos que se encaixam de forma sutil no interior de cada faixa. A julgar pelo constante ziguezaguear das canções, uma clara continuação de do material produzido há pouco mais de dois anos em faixas como minipops 67 (source field mix), do álbum Syro.

Ato isolado dentro do disco, a derradeira 2X202-ST5 se desprende das colagens etéreas que flutuam ao fundo de cada canção de forma a reforçar o peso das batidas. Pouco mais de quatro minutos em que o produtor dialoga com as pistas. Difícil não lembrar da sonoridade planejada para obras como Selected Ambient Works 85–92 (1992) e …I Care Because You Do (1995), como se a todo momento James estabelecesse uma pequena ponte em direção ao passado.

 

Cheetah (2016, Warp)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Autechre, Clark e Four Tet
Ouça: CHEETAHT2 [Ld spectrum], CIRKLON3 [Колхозная mix] e 2X202-ST5

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.