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Críticas

Amber Coffman

: "City of No Reply"

Ano: 2017

Selo: Columbia

Gênero: Indie Pop, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Dirty Projectors e HAIM

Ouça: No Coffe e All To Myself

8.0
8.0

Resenha: “City of No Reply”, Amber Coffman

Ano: 2017

Selo: Columbia

Gênero: Indie Pop, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Dirty Projectors e HAIM

Ouça: No Coffe e All To Myself

/ Por: Cleber Facchi 19/06/2017

Amber Coffman talvez seja uma das personagens mais produtivas da cena norte-americana na última década. São pelo menos três registros de peso como integrante do Dirty Projectors – Rise Above (2007), Bitte Orca (2009) e Swing Lo Magellan (2012) –, uma grande composição em parceria com o Major Lazer (Get Free), além de músicas assinadas ao lado de produtores, caso Rusko (Hold On) e rappers como J Cole (She Knows), Snoop Dogg e T.I. (No Regrets). Um verdadeiro aquecimento para o material que se revela no primeiro álbum em carreira solo do artista.

Produzido em um período turbulento, reflexo da separação entre a cantora e o líder do Dirty Projectors, David Longstreth, com quem teve um longo relacionamento dos últimos anos, City of No Reply (2017, Columbia) é uma obra sobre libertação e conquista do próprio espaço. “Eu tenho que cantar, cantar tudo para mim mesma / Não há ninguém pelo que correr / Há uma voz dentro de mim / E é hora de ouvir”, canta logo nos primeiros minutos do disco, em All To Myself, um indicativo da poesia empoderada que rege o disco.

Para qualquer um que já se encontrou inquieto, desconfortável, triste e sozinho, ou mesmo quem duvidou de si mesmo ou de seus sonhos temporariamente, este é um mantra, uma conversa sobre vitalidade, uma canção de amor para si próprio“, escreveu a cantora no texto de apresentação da faixa. Uma força que se revela com naturalidade na abertura do disco e cresce na formação de músicas como a intimista Nobody KnowsNinguém sabe, ninguém sabe como me sinto / Ninguém vê minha alma”.

Ao mesmo tempo em que soa como uma clara busca pela identidade musical de Coffman, difícil ouvir City of No Reply e não perceber a rica herança musical acumulada pela artista no Dirty Projectors. Uma similaridade que ultrapassa os limites da produção do ex-parceiro Longstreth em parte expressiva do disco e cresce nos arranjos de músicas como Dark Night, um synth-rock que dialoga com o pop dos anos 2000, ou mesmo a faixa-título do disco, composição que soa como um estranho remix da parceria entre Beyoncé e Shakira em Beautiful Liar.

Consumido pelos sentimentos, City of No Reply sustenta nos versos o principal componente para o trabalho de Coffman. “Querido, se você quiser meu coração / Primeiro, você deve passar pela porta / Eu sei que não há amor duradouro / Vou querer começar por toda parte”, canta em If You Want My Heart, um fino exercício da exposição romântica da artista. O mesmo cuidado acaba se repetindo em grande parte do disco, caso de Under The Sun, música em que a cantora mais se aproxima da obra de Stevie Nicks, possivelmente uma das principais influências para a composição do trabalho.

Próxima e ao mesmo tempo distante do som produzido como integrante do Dirty Projectors, a cantora passeia por City of No Reply sem medo de arriscar. Entre instantes em que abraça a música eletrônica (Dark Night), o R&B (Miss You), e o pop dos anos 1960 (No Coffee), sobram caminhos abertos para os futuros projetos da artista. Enquanto Longstreth parece seguir a própria trilha musical – vide o sétimo álbum de estúdio da banda –, Coffman surge como um personagem em plena transformação e continuo amadurecimento, postura reforçada em cada uma das canções do presente álbum.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.