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Críticas

Equiknoxx

: "Colón Man"

Ano: 2017

Selo: DDS

Gênero: Experimental, Eletrônica, Dancehall

Para quem gosta de: Jlin, RP Boo e Four Tet

Ouça: Enter a Raffle…Win a Falafel e Flank

8.0
8.0

Resenha: “Colón Man”, Equiknoxx

Ano: 2017

Selo: DDS

Gênero: Experimental, Eletrônica, Dancehall

Para quem gosta de: Jlin, RP Boo e Four Tet

Ouça: Enter a Raffle…Win a Falafel e Flank

/ Por: Cleber Facchi 30/11/2017

Com o lançamento do experimental Bird Sound Power (2016), Gavin Blair e o parceiro Jordan Chung decidiram perverter a essência do reggae/dancehall, testando limites, sonoridades e brincando com as possibilidades a cada batida ou camada suja que marca o primeiro grande registro autoral da dupla sob o título de Equiknoxx. Uma lenta desconstrução dos elementos que mostrou o que teria acontecido se nomes de peso da eletrônica britânica, como Burial e Four Tet, tivessem nascido em solo jamaicano.

Em Colón Man (2017, DDS), segundo e mais recente invento autoral da dupla, a mesma ambientação complexa, porém, encarada sob uma nova ótica criativa. Com os ouvidos apontados para a construção das batidas, Blair e Chung passeiam pelo registro testando elementos de forma sempre minimalista, quase esquelética, forçando uma audição atenta por parte do ouvinte. Os detalhes e temas explorados em Bird Sound Power ainda estão lá, porém, incorporados em meio a camadas de ruídos e microambientações.

Composição escolhida para anunciar o lançamento do disco, Enter a Raffle…Win a Falafel talvez seja a melhor representação desse novo conceito. Produzida a partir da fina inserção de samples e batidas quase imperceptíveis, a canção sutilmente passeia por entre loops e colagens secas, jogando com a experiência do público. Inserções minimalistas que se abrem para a costura robótica dos sintetizadores, resultando em uma dança torta, como se a dupla jamaicana fugisse a todo instante de um caminho óbvio.

Quarta faixa do disco, Flank é outra que investe na mesma composição. Entre ruídos metálicos, samples urbanos e sintetizadores cirúrgicos, vozes abafadas brotam ao fundo da canção como um mantra: “Livre-se da sua alma / Livre-se da sua alma / Livre-se da sua alma“. Na canção seguinte, Your Ears Are Not Very Small, um diálogo evidente com o Juke/Footwork de Chicago, lembrando uma versão desconstruída do mesmo som produzido há poucos meses pela norte-americana Jlin em Black Origami (2017).

É somente com a chegada de Cerimonial Eating Dog e, consequentemente, todo o eixo final do registro, que Colón Man passa a replicar parte das texturas e ambientações exploradas pela dupla durante a construção de Bird Sound Power. Basta voltar os ouvidos para Waterfalls In Ocho Rios, música que se espalha em meio a sintetizadores e ambientações melódicas. Na derradeira We Miss You Little Joe, uma fina colisão de ruídos e detalhes sobrepostos, tocando de leve a mesma psicodelia colorida de A World of Welsh, décima faixa do disco.

Obra de detalhes, Colón Man, assim como o registro que o antecede, é um trabalho que exige uma audição atenta e completa imersão nos fones de ouvido a fim de ser absorvido (e desvendado) em totalidade pelo público. Perceba como diferentes camadas de sedimentos eletrônicos se espalham ao fundo de cada composição, fazendo da experiência de ouvir o registro um curioso exercício de desvendar as nuances, pinceladas e elementos quase imperceptíveis montados pela dupla.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.