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Críticas

Beck

: "Colors"

Ano: 2017

Selo: Capitol

Gênero: Pop Rock, Pop

Para quem gosta de: Foster The People e Portugal. The Man

Ouça: Seventh Heaven, Wow e Dear Life

6.5
6.5

Resenha: “Colors”, Beck

Ano: 2017

Selo: Capitol

Gênero: Pop Rock, Pop

Para quem gosta de: Foster The People e Portugal. The Man

Ouça: Seventh Heaven, Wow e Dear Life

/ Por: Cleber Facchi 19/10/2017

Afirmar que Beck nunca produziu um trabalho tão pop e acessível quanto Colors (2017, Capitol) seria no mínimo desconhecer a discografia do cantor. Basta voltar os ouvidos para o som descomplicado de registros como Midnite Vultures (1999), obra em que o músico californiano dialoga abertamente com elementos do Funk/Soul. E o que dizer de Guero (2015), álbum em que as guitarras, batidas e vozes parecem pensadas para seduzir uma parcela ainda maior do público.

Primeiro registro de inéditas do músico norte-americano em três anos, o sucessor do elogiado Morning Phase (2014) – vencedor do Grammy 2015 na categoria Álbum do Ano –, talvez seja o trabalho em que Beck Hansen se despe inteiramente de possíveis experimentações. Trata-se de uma obra direta, rápida, por vezes rasa, como se cada composição encaixada no interior do álbum fosse tratada como um hit em potencial, acertando em cheio o ouvinte médio.

Ainda que composições como Wow sejam capazes de dialogar com a boa fase do músico norte-americano, lembrando em alguns aspectos a mesma atmosfera de trabalhos como Mellow Gold (1994) e Odelay (1996), sobrevive no restante da obra, um esforço de Beck em abraçar o grande público. Canções montadas a partir do jogo simples dos arranjos e vozes, vide o pop rock melódico que invade o disco na já conhecida Dreams, perfeita síntese do material produzido para o álbum.

São faixas como Dear Life, Up All Night e I’m So Free, composições que invadem o mesmo território autoral de outros nomes recentes do pop rock estadunidense, caso de Foster The People, Portugal. The Man e Imagine Dragons, efeito da poesia descompromissada, coros de vozes e toda a atmosfera festiva que cresce de forma desmedida. Um som colorido, pop e fácil, mas que em nenhum momento oculta o cuidado de Hansen na construção de cada fragmento instrumental.

Um bom exemplo disso está na pegajosa Seventh Heaven, segunda faixa do disco. Em um intervalo de apenas cinco minutos, tempo de duração da música, Hansen não apenas detalha boas guitarras e sintetizadores, espalhando cada elemento em uma estrutura crescente, como entrega ao público uma solução de versos capazes de grudar na cabeça do ouvinte logo em uma primeira audição, proposta que volta a se repetir em outros momentos estratégicos ao longo da obra.

Produzido em parceria com Greg Kurstin, veterano da música pop que já trabalhou com nomes como Lily Allen, Sia e Adele, Colors é um registro que chega formatado, pronto para o ouvinte. Mesmo longe do brilhantismo e possíveis experimentos que marcam a boa fase do cantor, difícil escapar da solução de arranjos e versos descomplicados que invadem o disco, como se Beck voltasse todos os esforços para manter o público entretido durante toda a execução do registro.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.