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Críticas

Hundred Waters

: "Communicating"

Ano: 2017

Selo: OWSLA

Gênero: Dream Pop, Eletrônica

Para quem gosta de: Björk, Braids e Poliça

Ouça: Particule e Wave To Anchor

7.5
7.5

Resenha: “Communicating”, Hundred Waters

Ano: 2017

Selo: OWSLA

Gênero: Dream Pop, Eletrônica

Para quem gosta de: Björk, Braids e Poliça

Ouça: Particule e Wave To Anchor

/ Por: Cleber Facchi 20/09/2017

Difícil encarar o Hundred Waters do recente Communicating (2017, OWSLA) como a mesma banda apresentada ao público em 2012, durante o lançamento do homônimo registro de estreia do grupo de Gainesville, Flórida. Em um permanente exercício de transformação que teve início no Folk/Dream Pop e hoje bebe de elementos típicos da música eletrônica, sobrevive no som produzido pelo trio norte-americano uma obra marcada pela constante estado de ruptura.

Vindo em sequência ao elogiado The Moon Rang Like A Bell (2014), o registro de 11 faixas e produção assinada em parceria pelo trio Nicole Miglis (voz, piano e flauta), Trayer Tryon (programação, sintetizadores) e Zach Tetreault (bateria, percussão e trompete), pode até seguir um novo direcionamento, entretanto, preserva uma série de elementos originalmente testados no trabalho lançado há três anos. Melodias etéreas e vozes sutilmente tratadas como instrumentos.

Dividido entre instantes de maior euforia e atos de profundo recolhimento musical, Communicating encanta principalmente quando a voz hipnótica de Miglis se conecta com as batidas de Tryon, convidando o ouvinte a dançar. Exemplo disso está na inaugural Particule, uma colcha de retalhos e ambientações sintéticas que lembra a boa fase de Björk no clássico Vespertine (2001), porém, reforçando a identidade e fina poesia do grupo norte-americano.

A mesma energia se reflete na colorida Wave To Anchor, música que cresce em meio a sintetizadores dançantes, lembrando uma espécie de remix do som produzido em The Moon Rang Like A Bell. São pouco mais de quatro minutos em que o trio norte-americano invade as pistas, detalhando uma seleção de batidas e vozes que adaptam de forma particular uma série de elementos típicos da house music no início dos anos 1990, esbarrando em aspetos da obra do New Order.

No restante do trabalho, Communicating sussurra sentimentos e ambientações acolhedoras de forma sempre minuciosa, por vezes mágica. Ainda que a faixa-título do disco pareça sintetizar parte expressiva desse conceito, sobrevive na composição climática de Blanket Me, décima faixado disco, um cuidado talvez maior na construção dos arranjos. Entalhes eletroacústicos que se repetem ainda em músicas como At Home & In My Head, Fingers, Parade e Prision Guard.

Repleto de bons momentos, como tudo aquilo que o Hundred Waters vem produzindo desde o primeiro álbum de estúdio, Communicating carece de uma audição atenta até ser totalmente absorvido pelo ouvinte. Trata-se de uma obra montada a partir de diferentes texturas eletrônicas, camadas e versos sutilmente sobrepostos, cuidado evidente logo na primeira canção do disco, Particle, mas que cresce à medida que o trabalho se aproxima da derradeira Better.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.