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Críticas

Forest Swords

: "Compassion"

Ano: 2017

Selo: Ninja Tune

Gênero: Experimental, Eletrônica

Para quem gosta de: The Haxan Cloak, Blank Mass

Ouça: Arms Out, The Highest Flood

8.0
8.0

Resenha: “Compassion”, Forest Swords

Ano: 2017

Selo: Ninja Tune

Gênero: Experimental, Eletrônica

Para quem gosta de: The Haxan Cloak, Blank Mass

Ouça: Arms Out, The Highest Flood

/ Por: Cleber Facchi 12/05/2017

Nascido da colagem de ritmos, melodias experimentais, vozes sampleadas e elementos percussivos, Compassion (2017, Ninja Tune) é uma obra que evidencia a força criativa de Matthew Barnes. Um colorido mosaico de ideias que expande com naturalidade grande parte do som produzido pelo artista britânico desde o EP Dagger Paths, de 2010. Ruídos, versos ritualísticos e referências tribais que provocam a audição do ouvinte do primeiro (War It) ao último instante do disco (Knife Edge).

Temático, Compassion sustenta na temática da comunicação o principal ingrediente para a formação do trabalho. “Quando você é capaz de se conectar com as pessoas, então você é capaz de ser empático com eles, tem essa conexão profunda. É o que eu gosto de explorar musicalmente também, às vezes você pode dizer muito com uma parte instrumental que você talvez não possa dizer com linguagem ou letras que são prescritivas“, explicou em entrevista à FACT em maio deste ano.

Não por acaso a voz surge como elemento fundamental para a condução do trabalho. Seja na atmosfera tribal de músicas como The Highest Flood, em pinceladas etéreas de Arms Out — música que soa como um experimento obscuro de James Blake —, ou mesmo de forma complementar, vide a sutileza de Exalter, faixa que utiliza de retalhos vocais como um delicado pano de fundo. Um som propositadamente hipnótico, completo pela solução de ruídos, batidas e temas eletrônicas de Barnes.

Longe de se concentrar em um único elemento, Barnes passeia pelo disco brincando com as possibilidades. Assim como no álbum anterior, Engravings, o produtor inglês parece montar toda a estrutura do disco em cima das batidas, resultando em uma espécie de esqueleto conceitual. Com complemento, um imenso catálogo de texturas, ambientações concebidas a partir de instrumentos analógicos e samples extraídos de sons da natureza.

Penúltima faixa do disco, Raw Language reforça com naturalidade o uso de todos esses elementos. São duas frentes percussivas, arranjos de cordas sampleados, a lenta inserção de vocais e ruídos complementares. Em Panic, terceira faixa do disco, Barnes repete os mesmos elementos, porém, completa a composição com o uso atento das guitarras e fragmentos minimalistas. Surgem ainda músicas como a crescente Vandalism, música em que o produtor parece sufocar o ouvinte.

Sombrio e provocativo, Compassion delicadamente expande grande parte dos domínios criativos de Barnes. Trata-se de uma bem-sucedida reciclagem de ideias, como se grande parte do som produzido pelo artista nos últimos trabalhos, incluindo a trilha sonora Shrine: Original Dance Score (2016), fosse remodelado de forma intensa, efeito da permanente colisão de batidas e rupturas que orientam o trabalho durante toda a execução.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.