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Críticas

Skee Mask

: "Compro"

Ano: 2018

Selo: Ilian Tape

Gênero: Eletrônica, Ambient Techno

Para quem gosta de: Aphex Twin, Actess e Boards of Canada

Ouça: Session Add e Flyby Vfr

8.2
8.2

Resenha: “Compro”, Skee Mask

Ano: 2018

Selo: Ilian Tape

Gênero: Eletrônica, Ambient Techno

Para quem gosta de: Aphex Twin, Actess e Boards of Canada

Ouça: Session Add e Flyby Vfr

/ Por: Cleber Facchi 29/05/2018

Um bom disco é aquele que exige determinado grau de esforço por parte do ouvinte, porém, o gratifica durante toda sua execução. Segundo e mais recente álbum de inéditas do germânico Bryan Müller como Skee Mask, Compro (2018, Ilian Tape) talvez seja a melhor representação desse tipo de obra. São camadas de informações parcialmente ocultas, forçando uma audição atenta que sussurra segredos e variações rítmicas em meio a ruídos, batidas e sample submersos.

Concebido sem pressa, em um intervalo de dois anos, o sucessor do maduro Shred (2016) não apenas preserva a essência no álbum anterior, como delicadamente amplia uma série de conceitos e ambientações minimalistas consumidas pelos detalhes. Do momento em que tem início, na atmosférica Correverb, até alcançar a experimental Calimance (Delay Mix), faixa de encerramento do trabalho, cada elemento parece pensado para hipnotizar o ouvinte.

São captações etéreas, vozes distorcidas, ruídos e inserções metálicas que convidam o público a se perder em um território marcado por pequenas incertezas. Exemplo disso está na lenta construção de Session Add. Segunda faixa do disco, a canção parece flertar com o mesmo som labiríntico testado por Mike Sandison e Marcus Eoin no debute do Boards of Canada, Music Has the Right to Children (1998), porém, sempre preservando a identidade artística de Müller.

Claramente influenciado pela rica produção da década de 1990, preferência já exaltada pelo produtor durante o lançamento de Shred, Compro em nenhum momento soa como uma obra consumida em excesso pela nostalgia. Pelo contrário, mesmo que seja inevitável lembrar de nomes como Aphex Twin e Autechre durante a execução de Flyby Vfr e Muk FM, o vívido esmero na produção de cada fragmento do disco confirma a assinatura autoral do artista germânico.

Dentro desse conceito, o trabalho de 12 faixas e pouco mais de 60 minutos de duração se divide em duas porções específicas. De um lado, faixas como a já citada Correverb, Rev8617 e Vli em que Müller se entrega ao desvendar de ambientações serenas, brincando com a formação de texturas e pequenas camadas instrumentais. No outro, o propositado diálogo com as pistas, ponto de partida para a formação de músicas pulsantes como Kozmic Flush, Soundboy Ext. e 50 Euro To Break Boost.

Íntimo das mesmas ambientações complexas que vem sendo produzidas por nomes como Actress (R.I.P.), Chris Clark (Clark) e Four Tet (New Energy), Compro nasce como uma obra de essência mutável, como se um trabalho completamente novo fosse apresentado ao ouvinte a cada audição. São décadas de referências, experimentos particulares e diálogos com diferentes cenas que se revelam de forma desconstruída, dentro de uma estrutura própria de Skee Mask.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.