Image
Críticas

Wolf Parade

: "Cry Cry Cry"

Ano: 2017

Selo: Sub Pop

Gênero: Indie Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Sunset Rubdown e Clap Your Hands Say Yeah

Ouça: You're Dreaming e Valley Boy

7.5
7.5

Resenha: “Cry Cry Cry”, Wolf Parade

Ano: 2017

Selo: Sub Pop

Gênero: Indie Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Sunset Rubdown e Clap Your Hands Say Yeah

Ouça: You're Dreaming e Valley Boy

/ Por: Cleber Facchi 12/10/2017

Sete anos separam o terceiro álbum de inéditas do Wolf Parade, Expo 86 (2010), do recém-lançado Cry Cry Cry (2017, Sub Pop). Nesse intervalo, o grupo original de Montreal, no Canadá, teve a atividade precocemente encerrada, abriu passagem para que cada integrante da banda – Spencer Krug, Dan Boeckner, Arlen Thompson e Dante DeCaro – investisse em trabalhos paralelos – como o Divine Fits e Handsome Furs –, e ainda retornou aos estúdios para a gravação de um EP homônimo entregue ao público no último ano.

Resultado de todas essa mudança se reflete nas 11 faixas do presente registro. Entre versos e melodias acessíveis, naturalmente íntimas do material produzido pela banda durante o lançamento dos dois primeiros álbuns de estúdio, Apologies to the Queen Mary (2005) e At Mount Zoomer (2008), Cry Cry Cry nasce como um regresso ao universo musical do início dos anos 2000. Canções descompromissadas, leves, feitas para grudar na cabeça do ouvinte logo na primeira audição.

Difícil não lembrar de grupos como Clap Your Hands Say Yeah, The Unicorns, Tapes ‘n Tapes e tantos outros projetos, grande parte deles já extintos, que surgiram no começo da última década. Basta uma rápida passagem pelos sintetizadores frenéticos e refrão explosivo de You’re Dreaming, segunda faixa do disco, para perceber isso. Fragmentos instrumentais que se agrupam de forma a revelar a obra em totalidade, como se a banda jogasse com o uso elaborado de pequenas minúcias.

Do momento em que tem início, em Lazarus Online, até alcançar a derradeira King of Piss and Paper, Cry Cry Cry segue em uma colorida explosão de sintetizadores, batidas enérgicas, guitarras, pianos e vozes que se conectam de forma complementar. Arranjos que passeiam pelo glam rock do início dos anos 1970 e seguem o brilho neon da década de 1980, revelando ao público algumas das principais influências do quarteto canadense, caso de David Bowie e Built to Spill.

Nos versos de cada composição, um catálogo de experiências particulares a serem compartilhadas com o público. São músicas como Valley Boy, uma confessa homenagem da banda ao conterrâneo Leonard Cohen; faixas que discutem relacionamentos instáveis, caso de Weaponized, além de músicas como Am I an Alien Here, em que a banda se aprofunda em temas oníricos. Pouco menos de 50 minutos em que o coletivo canadense amplia os próprios domínios criativos.

Com produção assinada pelo veterano John Goodmanson, artista que já trabalhou em estúdio com nomes como Sleater-Kiney e Death Cab for Cutie, Cry Cry Cry sutilmente afasta o Wolf Parade da sombra que paira sobre a banda desde o primeiro álbum de estúdio. Ao mesmo tempo em que preserva a essência do grupo canadense, sobrevive no material produzido para o novo disco um evidente senso de renovação, transformação evidente em cada fragmento de voz e arranjo que cresce no decorrer da obra.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.