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Críticas

Johnny Jewel

: "Digital Rain"

Ano: 2018

Selo: Italians Do It Better

Gênero: Ambient, Eletrônica, Synthpop

Para quem gosta de: Oneohtrix Point Never e Vangelis

Ouça: Digital Rain e Air Museum

7.8
7.8

Resenha: “Digital Rain”, Johnny Jewel

Ano: 2018

Selo: Italians Do It Better

Gênero: Ambient, Eletrônica, Synthpop

Para quem gosta de: Oneohtrix Point Never e Vangelis

Ouça: Digital Rain e Air Museum

/ Por: Cleber Facchi 01/02/2018

A nostalgia parece ser uma das principais ferramentas de trabalho para o norte-americano Johnny Jewel. Seja aos comandos do Chromatics, com quem vem colaborando desde o início dos anos 2000, ou em cada novo registro lançado pelo selo Italians Do It Better, do qual faz parte, sob a sombra de Jewel, ecos de pura referência e diálogos com a música produzida entre os anos 1970/1980 flutuam com naturalidade dentro de cada experimento instrumental assinado pelo artista.

A mesma necessidade em revisitar o passado ganha ainda mais destaque dentro de cada novo projeto autoral de Jewel. Foi assim com o lançamento de Windswept (2017), último registro em carreira solo do músico e uma clara tentativa em emular as ambientações etéreas do compositor Angelo Badalamenti no início dos anos 1990. Canções trabalhadas de forma a estabelecer um profundo diálogo com o som produzido para a trilha sonora de Twin Peaks — série que contou com a colaboração de Jewel no retorno à TV no último ano.

Longe de parecer uma surpresa, em Digital Rain (2018, Italians Do It Better), mais recente álbum de inéditas do músico norte-americana, uma nova tentativa em replicar velhas experiências. Da mesma forma que o registro apresentado há poucos meses, Jewel continua a investir em um material essencialmente climático e minimalista. São melodias etéreas que encontram em sintetizadores analógicos e programações eletrônicas a base para o trabalho.

A principal diferença em relação aos demais projetos apresentados por Jewel está na forma como o músico costura diferentes épocas em um mesmo ambiente criativo. Na contramão do som enevoado que marca as canções de Windswept, cada fragmento do presente registro parece brincar com o uso de temas futurísticos, como um emular de melodias tortas, batidas e ruídos metálicos que transportam o ouvinte para um universo típico de clássicos da ficção científica.

Difícil não lembra da trilha sonora do filme Blade Runner (1982), de Vangelis, influência direta para o trabalho de músico, ou mesmo nomes recentes do experimentalismo eletrônico, caso de Oneohtrix Point Never e Steve Hauschildt. Do momento em que tem início na homônima faixa de abertura, passando por músicas como Air Museum, What If e todo o conjunto de vinhetas que recheiam o disco, Jewel parece brincar com o uso de texturas acinzentadas, bipes e frações minimalistas, ampliando o universo autoral detalhado até o último álbum.

Transformador quando próximo de tudo aquilo que Jewel vem produzindo nos últimos anos, Digital Rain pode até indicar o princípio de uma nova fase na carreira do músico, porém, está longe de ser encarado como uma obra completa. Salve momentos estratégicos, parte expressiva do álbum é composta apenas de fragmentos e retalhos abstratos, como se Jewel fizesse do registro um experimento aberto, testando possibilidades mesmo nos instantes de maior duração do trabalho.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.