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Críticas

Mouse on Mars

: "Dimensional People"

Ano: 2018

Selo: Thrill Jockey

Gênero: Experimental, Eletrônica, IDM

Para quem gosta de: Autechre, µ-Ziq e Squarepusher

Ouça: Aviation e Dimensional People (I, II, III)

7.8
7.8

Resenha: “Dimensional People”, Mouse on Mars

Ano: 2018

Selo: Thrill Jockey

Gênero: Experimental, Eletrônica, IDM

Para quem gosta de: Autechre, µ-Ziq e Squarepusher

Ouça: Aviation e Dimensional People (I, II, III)

/ Por: Cleber Facchi 19/04/2018

O óbvio nunca fez parte do som produzido por Jan St. Werner e Andi Toma no Mouse on Mars. De clássicos como Iaora Tahiti (1995), uma das obras mais importantes da música eletrônica nos anos 1990, ao amadurecimento criativo em Radical Connector, de 2004, até alcançar obras recentes, como Parastrophics, lançado em 2012, cada novo álbum de inéditas da dupla germânica parece transportar o ouvinte para um território de pequenas incertezas.

Primeiro álbum de inéditas em um intervalo de seis anos, Dimensional People (2018, Thrill Jockey) não apenas preserva como perverte a essência aventureira do duo original de Düsseldorf. Para além dos temas eletrônicos que vem sendo desbravados desde a estreia em Vulvaland (1994), cada faixa do presente disco se amarra à canção seguinte, revelando uma espiral de delírio e improvisos pontuais. Ideias que vão do jazz ao uso de captações de campo.

Como indicado logo na abertura do trabalho, com os três diferentes atos da faixa-título, Dimensional People, mais do que uma obra do Mouse on Mars, se revela como um projeto colaborativo. São inserções eletrônicas, sobreposições e ruídos que se abrem para a chegada de Aaron Dessner (The National) e, principalmente, Justin Vernon, artista que decidiu resgatar parte dos elementos testados por ele próprio no último álbum como Bon Iver, 22, A Milion (2016).

Para além do primeiro bloco do disco, faixa após faixa, Werner e Toma investem na construção de músicas cada vez mais abstratas, instáveis. É o caso de Parliament Of Aliens Part I, sexta canção do álbum. São pouco mais de quatro minutos em que a dupla germânica brinca com a formação de um material essencialmente caótico, criando pequenas brechas para a inserção da viola suja e vozes assinadas pelos convidados Sam Amidon e Lisa Hannigan.

Mesmo dentro de um cenário completamente instável, interessante perceber o surgimento de faixas “acessíveis” como Aviation. Trata-se de uma colaboração do Mouse on Mars com Zach Condon (Beirut), Amanda Blank e integrantes do Spank Rock. Pouco menos de dois minutos em que guitarras climáticas, vozes e melodias descomplicadas garantem um inusitado respiro ao trabalho, como uma fuga breve do ritmo torto que invade a segunda porção do disco.

Curioso até a última nota, Dimensional People ainda se abre para a chegada de artistas como Bryce Dessner (The National), na climática Parliament Of Aliens Part II, Swamp Dogg, nas derradeiras Résumé e Sidney In A Cup, além de Eirc D. Clark, dono das ambientações melódicas de músicas como Tear To My Eye. Inserções pontuais que tornam a experiência do ouvinte sempre transformadora, garantindo ao trabalho um conceito mutável, vivo.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.