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Críticas

Sain

: "Dose de Adrenalina"

Ano: 2017

Selo: Pirâmide Perdida Records

Gênero: Hip-Hop, Jazz, Rap

Para quem gosta de: BK e Djonga

Ouça: Dose de Adrenalina e Eu Sei Bem

7.8
7.8

Resenha: “Dose de Adrenalina”, Sain

Ano: 2017

Selo: Pirâmide Perdida Records

Gênero: Hip-Hop, Jazz, Rap

Para quem gosta de: BK e Djonga

Ouça: Dose de Adrenalina e Eu Sei Bem

/ Por: Cleber Facchi 21/08/2017

Sem pressa, pianos atmosféricos se espalham de forma sempre detalhista, vagarosa. Ao fundo de cada composição, a lenta inserção das batidas, ruídos, samples extraídos de diferentes elementos, diálogos, trechos de filmes e temas jazzísticos. No meio desse cenário instrumental, as rimas e versos sóbrios de Stephan Peixoto, o Sain. Um indicativo da poesia urbana, intimista e particular do rapper durante toda a execução do primeiro álbum em carreira solo, Dose de Adrenalina (2017, Pirâmide Perdida Records).

Cada vez mais distante da sombra do pai, o rapper Marcelo D2, Sain, que ficou conhecido na breve colaboração em Lodeando, parte do álbum A Procura da Batida Perfeita (2003), encontra na parceria com diferentes representantes do Hip-Hip carioca o principal componente para a formação do presente disco. Versos que discutem sobre criminalidade, família, conflitos pessoais, sexo e drogas de forma sempre particular, como um convite a explorar o cotidiano do próprio artista.

Eu sigo fazendo as minhas rimas / Mantendo meu respeito nas esquinas … Ainda tenho muita história pra contar / Lugares pra conhecer e eu volto pra te buscar / Me espera antes do dia amanhecer“, rima em um misto de convite e apresentação que marca a faixa-título do disco. A passagem para um universo sempre descritivo, detalhista, ora alimentado pela relação entre diferentes personagens (Sussurros na Fumaça), ora atento ao universo que movimenta o cotidiano do rapper (Eu Sei Bem).

Cercado de colaboradores, parte expressiva deles integrantes do selo Pirâmide Perdida Records, Dose de Adrenalina nasce como um curioso resumo de tudo aquilo que marca a presente fase da cena musical do Rio de Janeiro. Um espaço aberto à interferência de artistas como BK, parceiro na sombria Quem É Da Área, Luccas Carlos, colaborador em Desliga e na ótima faixa-título do trabalho, além de Felp em Eu Sei Bem, um R&B hipnótico, íntimo de tudo aquilo que vem sendo produzido na cena norte-americana.

Musicalmente ancorado em elementos do jazz/soul produzido na década de 1970, a estreia de Sain carrega na lenta sobreposição das batidas e arranjos o principal estímulo para a formação do trabalho. Composições como a curtinha 09.11 ou mesmo a climática Mais Jazz, Menos Papo em que as rimas acabam em segundo plano, deixando florescer a instrumentação plantada pelo artista logo no início do álbum. Um cuidado que muito se assemelha ao último álbum do rapper Childish Gambino, “Awaken, My Love!” (2016).

Coeso quando próximo de outros registros do gênero, Dose de Adrenalina segue uma trilha particular, quase conceitual, seja em se tratando na composição dos arranjos ou na construção dos versos. Um experimento sutil, por vezes nostálgico e intimista. Pouco mais de 30 minutos em que Sain e os parceiros de estúdio sabem exatamente onde querem chegar, como uma evolução natural de toda a sequência de faixas e experiências compartilhadas pelo coletivo série de músicas e coletâneas do selo Pirâmide Perdida Records.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.