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Críticas

Devon Welsh

: "Dream Songs"

Ano: 2018

Selo: You Are Accepted

Gênero: Indie, Alternativa

Para quem gosta de: Majical Cloudz, Radiohead e Owen Pallett

Ouça: I’ll Be Your Ladder e By The Daylight

7.5
7.5

Resenha: “Dream Songs”, Devon Welsh

Ano: 2018

Selo: You Are Accepted

Gênero: Indie, Alternativa

Para quem gosta de: Majical Cloudz, Radiohead e Owen Pallett

Ouça: I’ll Be Your Ladder e By The Daylight

/ Por: Cleber Facchi 29/08/2018

Mesmo protegido pelo título de Majical Cloudz, desde o início da carreira, foram os sentimentos e tormentos particulares de Devon Welsh que acabaram servindo de base para o projeto canadense. Um doloroso conjunto de faixas e confissões intimistas que se reflete no rico repertório montado para os dois principais trabalhos da banda, Impersonator (2013) e, principalmente, Are You Alone? (2015), obra em que o cantor e compositor se revela por completo para o ouvinte, confessando as próprias angústias.

Com o fim das atividades da banda — possivelmente motivadas por conta de uma série de denúncias de comportamento abusivo contra o tecladista Matthew Otto —, nada mais natural do que ver Welsh seguindo em um novo projeto, mergulhando em novas desilusões amorosas, medos e conflitos sentimentais. Um direcionamento triste que se reflete nas dez faixas de Dream Songs (2018, You Are Accepted), primeiro registro autoral em carreira solo.

Sequência ao material entregue há dois anos, durante o lançamento do EP Down the Mountain (2016), o registro inaugurado pela melancólica By The Daylight, resume na economia dos arranjos e profunda entrega ressaltada nos versos o principal componente criativo e lírico do trabalho. Canções que seguem exatamente de onde Welsh parou no confessional Are You Alone?, costurando memórias de um passado ainda recente e pensamentos que invadem a mente de seu idealizador, dialogando com todo e qualquer ouvinte.

São canções como a dolorosa Dreams Have Pushed You Around, composição em que Welsh parece tocar nas principais feridas de qualquer indivíduo solitário. “Você acha que o tempo deixou isso para trás / Mas está na sua mente / Você precisa de amor em sua vida … Você acha que o tempo te deixou sozinho / Mas você já estava sozinho / Foi você o tempo todo“, canta como se destacasse cada palavra, espalhando sentimentos em uma cama de melodias orquestrais, lembrando os trabalhos do parceiro de longa data, o músico Owen Pallett.

Sensível, como tudo aquilo que Welsh vem produzindo nos últimos anos, Dream Songs a todo momento esbarra em algumas das principais referências do músico canadense. Em I’ll Be Your Ladder, difícil não lembrar de Thom Yorke na fase Amnesiac (2001), efeito da voz instrumental que se espalha em meio a versos arrastados, detalhando sem pressa a poesia triste do cantor. Na acústica Chances, um claro diálogo com a obra de Morrissey, inspiração que há tempos orienta as canções do artista.

Concebido em parceria com Austin Tufts, produtor do disco e um dos integrantes grupo canadense Braids, Dream Songs mostra que do universo sentimental que vem sendo apresentado por Devon Welsh desde o início da década, muito ainda pode ser explorado. Trata-se de uma obra menor e, talvez previsível, quando próxima dos antigos trabalhos do músico, porém, não menos importante, efeito da profunda sensibilidade de Welsh em convidar o ouvinte a se perder em um universo de poemas dolorosamente românticos.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.