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Críticas

Dream Wife

: "Dream Wife"

Ano: 2018

Selo: Lucky Number

Gênero: Rock Alternativo, Garage Rock

Para quem gosta de: Shame e Wolf Alice

Ouça: Kids e Love Without Reason

7.0
7.0

Resenha: “Dream Wife”, Dream Wife

Ano: 2018

Selo: Lucky Number

Gênero: Rock Alternativo, Garage Rock

Para quem gosta de: Shame e Wolf Alice

Ouça: Kids e Love Without Reason

/ Por: Cleber Facchi 09/02/2018

De Sleater-Kinney a Le Tigre, de Vivian Girls a Warpaint sobram coletivos e projetos femininos de profunda relevância para a cena alternativa. Curioso perceber no repertório que abastece o homônimo álbum de estreia do trio britânico Dream Wife uma síntese perfeita de todo esse imenso universo criativo. Décadas de referências e possibilidades que se dobram de forma inteligente, funcionando como um poderoso alicerce para o som autoral da banda.

Comandado pelas musicistas Alice Go (guitarra), Bella Podpadec (baixo) e Rakel Mjöll (voz), o grupo formado há pouco menos de dois anos parece ter encontrado no passado (recente) o principal combustível criativo para as 11 composições do registro. São pouco mais de 30 minutos que a banda vai do pós-punk inglês na década de 1970 à explosão do Riot Grrrl, nos anos 1990, ao princípio do novo rock que tomou conta da cena nova-iorquina no início dos anos 2000.

Explosivo, Dream Wife (o disco) se revela por completo logo na dobradinha de abertura. De um lado, o punk melódico e berrado de Let’s Make Out, composição que parece pensada para grudar na cabeça do ouvinte, como um cruzamento entre Yeah Yeah Yeahs e The Slits. Em Somebody, um garage rock cru e rápido, consumido pela breve interferência de guitarras eletrônicas capazes de emular a boa fase dos Strokes em Is This It (2001) e Room On Fire (2003).

A mesma relação com a obra do quinteto nova-iorquino se repete de forma evidente no romantismo jovial de Love Without Reason. “Sinto que eu te amo sem razão“, canta Mjöll enquanto guitarras rasgadas transportam o ouvinte para o mesmo universo de First Impressions of Earth (2006). Mesmo Kids, sexta faixa do disco, parece replicar parte das guitarras de Nick Valensi, preferência que em nenhum momento sufoca ou projudica a identidade musical do trio.

Pop na medida exata, a estreia do Dream Wife não apenas preserva a crueza extraída das principais referências da banda, como trata de cada composição como um hit em potencial. Seja nos instantes mais enérgicos do disco, como em Somebody, Fire, Kids e Love Without Reason, ou em canções menores, vide Act My Age, o uso de versos cíclicos e guitarras bem-direcionadas fazem com que o trabalho acabe conquistando o ouvinte sem grandes dificuldades.

Na trilha de outros representantes do novo rock inglês, vide o trabalho produzido pelos conterrâneos do Shame, em Song of Praise (2018), a estreia do Dream Wife mostra um frescor raro em relação a outros projetos do gênero. Da abertura do disco, em Let’s Make Out, até alcançar a colaboração com o Fever Dream, em F.U.U., faixa de encerramento do álbum, uma explosão de ruídos, vozes berradas e versos rápidos mostram o esforço e contínuo acerto do trio em se apresentar ao grande público.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.