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Críticas

The Men

: "Drift"

Ano: 2018

Selo: Sacred Bones Records

Gênero: Rock, Pós-Punk, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Metz, Parquet Courts e Iceage

Ouça: Maybe I'm Crazy e Killed Someone

7.0
7.0

Resenha: “Drift”, The Men

Ano: 2018

Selo: Sacred Bones Records

Gênero: Rock, Pós-Punk, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Metz, Parquet Courts e Iceage

Ouça: Maybe I'm Crazy e Killed Someone

/ Por: Cleber Facchi 12/03/2018

Em mais de uma década de carreira, o grande acerto do grupo nova-iorquino The Men sempre foi transformar cada novo álbum de estúdio na passagem para um universo autoral completamente transformado. Do noise punk de Leave Home (2011) à psicodelia suja de Open Your Heart (2012), do flerte com o country-rock em New Moon (2013) ao diálogo com o rock clássico em Tomorrow’s Hits (2014), difícil não se deixar guiar pela força instrumental e poética detalhada pela banda.

Sétimo álbum de inéditas do grupo hoje formado por Mark Perro (voz, guitarras, teclado), Nick Chiericozzi(voz, guitarra), Rich Samis (bateria) e Kevin Faulkner (baixo), Drift (2018, Sacred Bones Records) pode até explorar um conceito específico, porém, dentro de uma nova estrutura temática. São nove faixas em que a banda norte-americana se entrega ao rock dos anos 1980, provando de diferentes campos da música produzida durante esse período.

Longe de mergulhar em um gênero ou temas específico, cada composição parece trabalhada de forma independente, postura mantida durante toda a execução da obra. Um permanente contraste de ideias, proposta que se reflete logo nos primeiros minutos do disco, quando a banda deixa de lado a atmosfera urbana de Maybe I’m Crazy, um pós-punk soturno no melhor estilo Swans e Suicide, para investir no romantismo torto de When I Held You in My Arms.

Tamanha versatilidade na composição dos temas instrumentais acaba resultando em uma obra de essência instável. É difícil saber exatamente qual é o próximo passado da banda dentro de estúdio, postura que surpreende pelo propositado senso de ruptura, porém, pode facilmente desagradar quem busca por um registro homogêneo, aos moldes do som “fechado” que marca os principais trabalhos do grupo, principalmente, Open Your Heart.

Entretanto, quem se deixar guiar pelo senso nostálgico da obra, dificilmente deve sair decepcionado. Trata-se de uma clara homenagem da banda nova-iorquina a veteranos do rock produzido há mais de três décadas. Basta uma rápida passagem pela melódica Rose on Top of the World, música que poderia facilmente ter saído de algum álbum do R.E.M.. Na melancólica So High, uma clara representação dos instantes de maior tristeza de Bruce Springsteen. Em Killed Someone, uma diálogo explícito com a obra de Husker Dü e Dinosaur Jr.

Dividido entre instantes de forte aceleração e parcial recolhimento, Drift mostra o esforço de cada integrante do The Men em fazer do álbum um permanente exercício guiado pela transformação. Do uso atento de ambientações acústicas em Final Prayer e Come to Me, passando pelo confesso interesse em revisitar diferentes aspectos do rock produzido nos anos 1980, uma obra que transporta público e banda para um novo território criativo.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.