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Críticas

Shout Out Louds

: "Ease My Mind"

Ano: 2017

Selo: Marge

Gênero: Indie Rock, Indie Pop

Para quem gosta de: Jens Lekman e Arcade Fire

Ouça: Jumbo Jet e Porcelain

7.3
7.3

Resenha: “Ease My Mind”, Shout Out Louds

Ano: 2017

Selo: Marge

Gênero: Indie Rock, Indie Pop

Para quem gosta de: Jens Lekman e Arcade Fire

Ouça: Jumbo Jet e Porcelain

/ Por: Cleber Facchi 29/09/2017

Depois de flertar com o mesmo som ruidoso que abasteceu a cena nova-iorquina no começo dos anos 2000, Adam Olenius e os parceiros de banda, Eric Edman, Ted Malmros, Bebban Stenborg e Carl von Arbin, decidiram provar de novas sonoridades, fazendo do segundo álbum do Shout Out Louds, Our Ill Wills (2007), uma clara evolução. Entre arranjos orquestrais e faixas de forte apelo melódico, o grupo sueco conseguiu ir além da massa de riffs óbvios testada quatro anos antes.

Mesmo longe de parecer uma surpresa, curioso perceber em Ease My Mind (2017, Merge) uma clara continuação das mesmas experiências musicais que movem Our Ill Wills. Primeiro registro de inéditas da banda de Estocolmo desde Optica (2013), obra que aproximou o quinteto de elementos do synthpop, o trabalho de 11 faixas e pouco menos de 50 minutos de duração joga com o passado, resgatando elementos típicos da obra de veteranos como The Smiths e Belle and Sebastian.

Trata-se de um som essencialmente descomplicado, pop e acessível na medida exata, conceito que vem sendo explorado pelo grupo sueco há mais de uma década. Entre versos que discutem relacionamentos, exploram aspectos corriqueiros do nosso cotidiano e ainda mergulham em personagens e reflexões intimistas, passear pelo trabalho acaba se revelando uma experiência aprazível, como se o Shout Out Louds fosse capaz de dialogar com as mais variadas parcelas do público.

Melodias psicodélicas na faixa-título do disco, canção que conta com os versos assumidos por Stenborg, guitarras coloridas e o refrão pegajoso em Porcelain, pianos e vozes em coro na doce White Suzuki, música a que parece saída de algum disco do Real Estate. Em um intervalo de poucos minutos, diferentes possibilidades e sonoridades são testadas dentro de estúdio, como se a banda soubesse exatamente como testar os próprios limites dentro de estúdio.

Nada que se compare ao cuidado evidente na inaugural Jumbo Jet. Da poesia doce que invade a cabeça do ouvinte — “Isso é apenas o começo / Acordado no amanhecer / Isso é só o começo” —, passando pelo elaborado encaixe das guitarras, sintetizadores emulando arranjos orquestrais e vozes sobrepostas, no melhor estilo Arcade Fire, difícil ouvir a canção e não ser prontamente seduzido pelo grupo sueco. Um cuidado que segue até a faixa seguinte do disco, Paola.

Versátil, Ease My Mind joga com o passado e o presente a todo instante. São décadas de referências e boas melodias agrupadas dentro de um único trabalho, como se o grupo jogasse com as referências, porém, preservando a própria identidade musical. Um exercício criativo que tem início nos arranjos encorpados de Jumbo Jet, passa por hits Porcelain e Oh Oh, descansando apenas no último acorde da derradeira Souvenirs.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.