Image
Críticas

Nobat

: "Estação Cidade Baixa"

Ano: 2017

Selo: UN Music

Gênero: Indie, Rock Alternativo

Para quem gosta de: LULI e César Lacerda

Ouça: Nova Era e Maletta

8.0
8.0

Resenha: “Estação Cidade Baixa”, Nobat

Ano: 2017

Selo: UN Music

Gênero: Indie, Rock Alternativo

Para quem gosta de: LULI e César Lacerda

Ouça: Nova Era e Maletta

/ Por: Cleber Facchi 09/11/2017

Depois de uma obra lírica e musicalmente tão apurada como O Novato (2015), não é difícil imaginar Luan Nobat pensando: “para onde vou agora?“. A resposta chega diluída em não apenas um, mas três fragmentos diferentes que juntos formam o novo álbum de inéditas do cantor e compositor mineiro, Estação Cidade Baixa (2017, UN Music). Um condensado precioso de três EPS, cada um com o mesmo número de faixas, convidando o ouvinte a mergulhar no cotidiano de Belo Horizonte, onde reside o cantor, ou qualquer outro grande centro urbano brasileiro.

Entregue ao público em pequenas doses nas últimas semanas, o trabalho de três atos parece longe de seguir uma ordem pré-estabelecida pelo compositor, crescendo mesmo na individualidade de seus atos. Não por acaso, Nobat fez do EP Cidade o primeiro bloco a ser apreciado pelo ouvinte. No fino cercado instrumental que move o fragmento, três composições que servem de ponte para o último álbum de estúdio do cantor – Praia_da_Estação, Mar_Ia e Maletta. Canções que exploram reflexões contidas, personagens e cenários, vide a homenagem do músico ao Edifício Maletta, espaço localizado no centro da capital mineira e um ponto de encontro para diferentes representantes da cultura local.

Na trinca que formaliza o delicado Estação, um ponto de evidente aprimoramento instrumental e poético. Inaugurado pela inserção de versos esperançosos, vozes sobrepostas e melodias delicadas de Maria Clara, o trabalho lentamente amplia os domínios de Nobat, servindo de passagem para a sonoridade mágica de Nova Era, faixa que esbarra na mesma psicodelia nostálgica do Clube da Esquina. Para o fechamento do curto registro, a marchinha elétrica de Bia, música que parece pensada para grudar na cabeça do ouvinte logo em uma primeira audição.

Deixado por último, Baixa nasce como o fragmento “mais denso” do trabalho, conceito reforçado no próprio texto de apresentação da obra. Trata-se de um registro que “toca em questões mais profundas como o deslocamento doa seres nas paisagens urbanas, as relações abusivas, a cumplicidade na hora da dor. É um trabalho mais carregado, mas que traduz olhares otimistas sobre questões delicadas“, pontua Nobat. Arranjos e versos carregados, naturalmente sensíveis. Um labirinto melancólico que tem início em Desentoado, passa por Eu Não Morreria Por Ti e segue até Galeria.

Do ponto de vista de uma obra única, Estação Cidade Baixa é um trabalho que sutilmente expande os horizontes de Nobat. Trata-se de um trabalho de essência urbana, ainda que acolhedor, como se o músico mineiro mergulhasse na construção de personagens, cenários e histórias de forma sempre curiosa, atenta, resultando em um curto acervo de crônicas musicadas, como uma natural continuação do universo musical desbravado durante toda a execução do álbum anterior.

Produzido, gravado e mixado pelo músico Leonardo Marques nos estúdios Ultra Music e Ilha do Corvo, em Belo Horizonte, Estação Cidade Baixa ainda conta com a presença dos músicos Danilo Derick (guitarra), Heberte Almeida (voz), LULI (alfaias, shaker, voz e escaleta) e Pablo Campos (bateria). Colaboradores antigos e recentes de Nobat que a todo instante passeiam pelo interior do disco, colorindo musicalmente o cenário de essência mutável que artista mineiro vem produzindo de forma inteligente desde a estreia com Disco Arranhado (2012).

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.