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Críticas

Winter

: "Ethereality"

Ano: 2018

Selo: Balaclava Records

Gênero: Dream Pop, Indie Pop, Rock Alternativo

Para quem gosta de: My Magical Glowing Lens e YMA

Ouça: Zoey e Alligator

8.0
8.0

Resenha: “Ethereality”, Winter

Ano: 2018

Selo: Balaclava Records

Gênero: Dream Pop, Indie Pop, Rock Alternativo

Para quem gosta de: My Magical Glowing Lens e YMA

Ouça: Zoey e Alligator

/ Por: Cleber Facchi 13/04/2018

Ouvir Supreme Blue Dream (2015) e depois mergulhar nas canções de Ethereality (2018, Balaclava Records) é como esbarrar em dois projeto completamente diferentes. Curioso pensar que ambos trabalhos tenham partido de uma mesma mente criativa, a cantora e compositora curitibana Samira Winter, hoje radicada na Califórnia. Frações de uma artista em pleno processo de amadurecimento, como se cada álbum servisse de passagem para um novo mundo de experiências.

Produzido em parceria com os músicos Matt Hogan (guitarras e backing vocal), David Yorr (guitarra, baixo e sintetizadores) e Garren Orr (bateria), o álbum de dez faixas segue exatamente de onde Winter parou no último ano, durante o lançamento da inédita Memória Colorida. Composições marcadas pela inserção de texturas instrumentais, arranjos psicodélicos e vozes sobrepostas, como se um universo de pequenos detalhes fosse revelado ao público.

Longe das guitarras e arranjos ensolarados que abastecem o disco entregue há três anos, vide músicas como Someone Like You, Winter se concentra na produção de um material “fechado”, por vezes denso. Blocos de ruídos que parecem pensados para contrastar com a voz doce da cantora, sempre entregue ao lento desvendar dos próprios sentimentos, medos e conflitos a serem compartilhados com o ouvinte, como uma extensão da poesia detalhada no álbum anterior.

Comecei escrevendo [as canções] quando estava na faculdade. Senti que estava numa fase nostálgica de tudo que já tinha experimentado e um sentimento de não querer crescer. Como artista é extremamente importante estar conectada com a criança que há em mim e manter uma nova mente para escrever novas músicas”, explica Winter, personagem central da própria obra, como se cada fragmento poético do disco sussurrasse memórias e experiências intimistas.

São canções como a adorável Zoey, música composta em homenagem à gata da cantora; o romantismo agridoce que cresce na bilíngue Blue Eyes e Sunshine Devine, composições ancoradas em antigos relacionamentos de Winter, além de faixas que se entregam ao cotidiano e memórias da curitibana, como High School e Alligator. Uma solução de versos brandos, sempre sensíveis, conceito reforçado até a chegada de Stars Collide, escolhida para o fechamento do álbum.

Como um complemento direto aos versos, guitarras sujas, distorções e camadas de ruídos transportam o disco para o início dos anos 1990. Difícil não lembrar de My Bloody Valentine nos arranjos alongados de You Don’t Know Me ou mesmo as ambientações do Slowdive em Black Sea. Pouco mais de 40 minutos em que Winter delicadamente amplia o repertório testado durante a produção de Supreme Blue Dream, convidando o ouvinte a se perder em um território de pequenas incertezas.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.