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Críticas

Everything Is Recorded

: "Everything Is Recorded"

Ano: 2018

Selo: XL Recordings

Gênero: R&B, Soul, Hip-Hop

Para quem gosta de: Sampha e Ibeyi

Ouça: Mountains Of Gold e Show Love

7.5
7.5

Resenha: “Everything Is Recorded”, Everything Is Recorded

Ano: 2018

Selo: XL Recordings

Gênero: R&B, Soul, Hip-Hop

Para quem gosta de: Sampha e Ibeyi

Ouça: Mountains Of Gold e Show Love

/ Por: Cleber Facchi 23/02/2018

Membro fundador do selo XL Recordings, Richard Russell passou grande parte das últimas duas décadas se aventurando ativamente em diferentes núcleos da cena inglesa ou mesmo além dela. Seja na distribuição de obras icônicas, como The Fat of the Land (1997), do Prodigy, e In Rainbows (2007), do Radiohead, ou na produção do sensível I’m New Here (2010), último registro de inéditas do cantor e compositor norte-americano Gil Scott-Heron, sobram experiências (autorais e compartilhadas) que refletem a identidade artística do produtor londrino.

Mais conhecido pelo trabalho nos bastidores, Russell decidiu convidar grande parte dos artistas com quem esteve envolvido nos últimos anos — seja na produção ou em lançamentos relacionados à XL Recordings —, para produzir o primeiro álbum em carreira solo. Veio daí a inspiração para o versátil Everything Is Recorded, projeto de essência colaborativa que apresentou o primeiro EP no último ano, Close But Not Quite (2017), mas que se revela por completo nas 11 faixas que marcam o homônimo debute do músico inglês.

Produto das experiências acumuladas (e aprimoradas) por Russell em mais de três décadas de produção musical, cada segundo do registro parece transportar o ouvinte para um novo território. Uma criativa colagem de referências que vai do soul/pop produzido entre as décadas de 1970 e 1980, flerta de forma curiosa com o Hip-Hop e ainda abraça o R&B produzido na década de 1990, se estendendo até o forte período de transformação para o gênero, no início da presente década.

Não por acaso, Russell decidiu trabalhar com alguns dos principais representantes da música negra atual. Exemplo disso está na completa versatilidade de Mountains Of Gold, quinta faixa do disco. Em um intervalo de poucos minutos, o produtor britânico abre espaço para a poesia tribal da dupla franco-cubana Ibeyi, deixa crescer o canto entristecido do conterrâneo Sampha, as rimas do nova-iorquino WIKI, além, claro, dos temas jazzísticos de Kamasi Washington.

A mesma força criativa se reflete logo nos primeiros minutos da obra, durante a produção da colaborativa She Said. Trata-se de um bem-sucedido encontro entre o canto rimado do nigeriano Obongjayar — artista que parece resgatar a essência de Gil Scott-Heron e Bobby Womack —, e o saxofone empoeirado de Washington. Mesmo a semi-orquestral faixa-título do disco, uma colaboração entre Sampha e o canadense Owen Pallett, se espalha em meio a camadas de texturas instrumentais e poéticas.

Completo pela presença do músico inglês Peter Gabriel (Purify), Rachel Zeffira (Echoes in the Bone), o rapper Giggs (Wet Looking Road), e a norte-americana Syd, parceira de Sampha na delicada Show Love, a “estreia” do Everything is Recorded parece pensada para seduzir o ouvinte logo na primeira audição. São incontáveis décadas de referências, estilos e artistas vindos de diferentes núcleos criativos que se encontram e contribuem de forma substancial para o universo criativo sutilmente orquestrado por Russell.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.