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Críticas

Beth Ditto

: "Fake Sugar"

Ano: 2017

Selo: Virgin

Gênero: Pop, Rock

Para quem gosta de: Gossip e HAIM

Ouça: We Could Run e Fire

7.0
7.0

Resenha: “Fake Sugar”, Beth Ditto

Ano: 2017

Selo: Virgin

Gênero: Pop, Rock

Para quem gosta de: Gossip e HAIM

Ouça: We Could Run e Fire

/ Por: Cleber Facchi 28/07/2017

Em mais de uma década de atuação como vocalista e líder do grupo norte-americano Gossip, Beth Ditto fez dos próprios sentimentos o principal componente para a formação de uma discografia ora dançante, ora sufocada pela dor. Uma boa seleção de músicas que alcança melhor resultado nos dois principais trabalhos de estúdio da banda original de Olympia, Washington, Standing in the Way of Control (2006) e o maduro Music for Men (2009).

Com a dissolução do grupo no último ano, Ditto segue em carreira solo. Primeiro registro dessa nova fase, Fake Sugar (2017, Virgin) traz de volta o que há de mais interessante dentro da discografia do Gossip. Um verdadeiro catálogo de músicas consumidas pela dor, declarações de amor e versos intimistas da cantora, proposta que orienta a formação de cada uma das 12 músicas produzidas em parceria com Jennifer Decilveo (Melanie Martinez, Sean Kingston).

Quem espera pela mesma atmosfera dançante e crescente do antigo projeto de Ditto encontra logo na inaugural Fire um poderoso registro. São pouco mais de três minutos em que a voz da artista vai ganhando forma lentamente, ocupando todas as lacunas da canção. Um estímulo para a rica costura instrumental que passa pelo rock dos anos 1970 e finaliza em uma explosiva sequência de versos marcados pela voz forte e as provocações de Ditto.

A mesma estrutura volta a se repetir na principal composição do disco, a intensa We Could Run. Claramente inspirada pelo pop rock dos anos 1980, a quarta faixa do álbum reflete a mesma energia e fino toque de melancolia que abasteceu o trabalho do Gossip durante a construção do ótimo Music for Men. Uma colisão de ideias que ainda se aproveita de elementos do country pop, gênero explorado com naturalidade em diversas faixas ao longo do registro.

Partindo dessa mesma base instrumental, Ditto flerta com a eletrônica em Do You Want Me To, esbarra na obra de Stevie Nicks na climática Oh My God e ainda mergulha de cabeça em atmosfera experimental, base para a minimalista faixa-título do disco. Surgem ainda composições marcadas pela leveza dos arranjos e versos. É o caso de Lover, próxima ao fechamento do trabalho, ou mesmo a apaixonada Love In Real Life, uma dolorosa balada romântica.

Dotada de uma voz potente, firme, Ditto passeia pelo disco com a explícita segurança de uma veterana da música pop. Mesmo pecando pela ausência de novidade – não há nada aqui que a artista não tenha experimentado como integrante do Gossip –, sobrevive no fino delineamento dos arranjos, versos e sentimentos confessos o estímulo para a construção de um trabalho capaz de seduzir o ouvinte logo em uma primeira audição.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.