Resenha: “Familiar Touch”, Diana

/ Por: Cleber Facchi 13/12/2016

Artista: Diana
Gênero: Synthpop, Dream Pop, Indie Pop
Acesse: https://soundcloud.com/dianasound

 

O passado ronda as canções do grupo canadense Diana. Em Familiar Touch (2016, Independente), segundo álbum de inéditas do trio de Toronto, todos os elementos testados no inaugural Perpetual Surrender (2013) são delicadamente resgatados e espalhados ao longo do trabalho. Uma nostálgica viagem em direção ao pop dos anos 1980 e começo da década de 1990, conceito explícito em cada uma das composições que abastecem o presente registro.

Produzido em um intervalo de quase dois anos, o trabalho de apenas dez faixas reflete o claro amadurecimento de cada integrante da banda. Um esforço coletivo que passa pela voz melancólica de Carmen Elle e chega até os instrumentos assumidos de forma coesa pelos parceiros de banda Joseph Shabason e Kieran Adams. Um precioso exercício de visitar o passado sem necessariamente fazer disso uma clara repetição de ideias e conceitos.

Composição escolhida para apresentar o trabalho, Confessions resume na programação eletrônica e sintetizadores caricatos a base de grande parte do registro. Enquanto os versos da canção se perdem em meio a declarações intimistas da vocalista – “Você mordeu sua língua / E o gosto que ele deixou em sua boca” –, musicalmente, a canção cresce, assume diferentes tonalidades e acaba apontando a direção seguida pelo grupo até a derradeira Take It Over.

Em Slipping Away, terceira faixa do disco, um instante de pura renovação. Ao mesmo tempo em que a essência “oitentista” do grupo se projeta ao fundo da canção, batidas e vozes íntimas do R&B/Soul indicam a busca do trio por uma nova sonoridade. O mesmo cuidado acaba se refletindo em Miharu, música que flutua em meio a vozes declamadas e arranjos sedutores, como se o trio resgatasse uma série de elementos típicos da música pop no começo dos anos 1990.

Construído a partir de diferentes conflitos sentimentais e decepções amorosas, Familiar Touch faz de cada composição um fragmento doloroso, sensível. “Você realmente pensou que era bom demais para aceitar a queda? / O que você esperava? É isso que você ganha por estar apaixonado”, entrega a letra de What You Get, uma perfeita síntese do romantismo amargo que se espalha ao longo do trabalho, ponto de partida para músicas como Cry e These Words.

Melancólico e acolhedor na mesma medida, Familiar Touch parece capaz de seduzir o ouvinte mesmo nas canções mais dolorosas e intimistas. Enquanto a voz doce de Elle passeia pelo disco detalhando versos entristecidos, arranjos detalhistas flutuam com leveza pela cabeça do ouvinte. São sintetizadores compactos, batidas levemente dançantes ou mesmo o saxofone de Shabason. Retalhos instrumentais e líricos que se sobrepõe lentamente.

 

Familiar Touch (2016, Independente)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Yumi Zouma, Young Galaxy e Blood Orange
Ouça: What You Get

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.