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Críticas

Mhysa

: "Fantasii"

Ano: 2017

Selo: Halcyon Veil

Gênero: Experimental, R&B, Dream Pop

Para quem gosta de: Oneohtrix Point Never e Holly Herndon

Ouça: Spectrum, Bb e Tonight

8.0
8.0

Resenha: “Fantasii”, Mhysa

Ano: 2017

Selo: Halcyon Veil

Gênero: Experimental, R&B, Dream Pop

Para quem gosta de: Oneohtrix Point Never e Holly Herndon

Ouça: Spectrum, Bb e Tonight

/ Por: Cleber Facchi 14/08/2017

Fantasii (2017, Halcyon Veil) é um desses trabalhos que você passa horas debruçado em busca de repostas, porém, acaba se afundando ainda mais na construção de incontáveis questionamentos. De essência experimental, como tudo aquilo que E. Jane vem produzindo nos últimos anos, a estreia da artista multimídia sob o pseudônimo de Mhysa abre passagem para um novo e ainda mais complexo universo de possibilidades e experiências a serem testadas dentro de estúdio.

Inaugurado pela nuvem de sons e vozes etéreas de Special Need Intro, o delicado registro lentamente se espalha por entre diferentes terrenos instrumentais. Vozes atmosféricas, sintetizadores, batidas quebradas, samples e pequenas articulações que mostram o esforço de Jane em se reinventar a cada nova faixa do disco. Uma coleção de ideias que vai da ambientação labiríntica de Glory be Black, segunda faixa do álbum, ao R&B torto de Spectrum, música que soa como uma desconstrução do trabalho produzido por Kelela, ABRA e demais nomes da música negra dos Estados Unidos.

Na vinheta Tonight, vozes e bases sutilmente abafadas, culminando em uma doce reinterpretação do clássico Love To Love You Baby, de Donna Summer. Instantes de pura leveza e minimalismo, como um preparativo para o material que chega logo em sequência com Strobe. Pouco menos de três minutos em que Mhysa adapta de forma particular os mesmos experimentos eletrônicos de Oneohtrix Point Never e Holly Herndon, fazendo da canção um registro particular.

O mesmo conceito experimental e ainda acessível acaba se refletindo na extensa Bb. Vozes e batidas eletrônicas que dialogam de forma sempre curiosa, resultando em uma canção ora acolhedora, ora marcada pelo delírio. Uma explosão controlada, repleta de texturas eletrônicas e colagens atmosféricas, sonoridade que ganha ainda mais destaque na dobradinha formada por Diamond (Lovely Freestyle)Siren Song, músicas que soam como um encontro sombrio entre Julia Holter e Julianna Barwick.

Passada a curtinha Mintys Interlude, Mhysa traz de volta a mesma colagem de ideias na instável You Not About That Lyfe. Composição mais complexa do disco, a faixa montada a partir de samples e vozes sobrepostas reflete a mesma construção torta de músicas como Bb, convidando o ouvinte a se perder em um universo que parece típico da obra de Daniel Lopatin. Colagens, batidas e vozes que bagunçam a experiência do ouvinte durante toda a execução da faixa.

Para o encerramento do trabalho, o turbilhão instrumental de For Doris Payne. Em um intervalo de apenas seis minutos, Jane parece brincar com diferentes elementos originalmente testados nas primeiras canções do disco, criando pequenas brechas atmosféricas que se abrem para a inclusão de batidas sujas e versos marcados pelo completo romantismo. Fragmentos que se apropriam da obra de Janet Jackson, Donna Summers, Beyoncé e TLC, porém, preservando o mesmo aspecto curioso que orienta o álbum desde a primeira faixa.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.