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Críticas

Jungle

: "For Ever"

Ano: 2018

Selo: XL Recordings

Gênero: R&B, Soul, Funk

Para quem gosta de: Ben Khan e Jai Paul

Ouça: Heavy, California e Cherry

6.0
6.0

Resenha: “For Ever”, Jungle

Ano: 2018

Selo: XL Recordings

Gênero: R&B, Soul, Funk

Para quem gosta de: Ben Khan e Jai Paul

Ouça: Heavy, California e Cherry

/ Por: Cleber Facchi 28/09/2018

O grande problema de qualquer artista que busca reverenciar um período, gênero ou conceito específico é que cedo ou tarde ele acaba se desgastando. Como continuar reinventando o que já foi consolidado há anos? É justamente esse o grande desafio do coletivo londrino Jungle em For Ever (2018, XL Recordings), obra que, mais uma vez, busca dar novo sentido ao soul, funk e R&B explorado por diferentes nomes da música negra nos anos 1970 e 1980.

Sequência ao material entregue no homônimo disco de 2014, o registro que conta com o esforço coletivo de Josh Lloyd-Watson, Tom McFarland, Fraser MacColl, George Day, Dominic Whalley, Rudi Salmon e Nat Zangi está longe de parecer uma obra decepcionante, entretanto, pouco parece ter evoluído em relação ao som proposto há quatro anos pela banda. Um permanente reciclar de ideias e experiências, como se o ouvinte fosse convidado a, mais uma vez, mergulhar no mesmo universo criativo de músicas como Busy Earin’ e Time.

Do momento em que tem início, em Smile, cada composição do disco se projeta a partir de batidas limpas, levemente dançantes, sintetizadores encorpados, falsetes e vozes em coro. Uma base padronizada que ainda se abre para a linha de baixo firme e guitarras pontuais. Canções que bebem da trilha sonora de clássicos da blaxploitation ou mesmo jogos de vídeo game, vide o fascínio dos integrantes da banda pela série Grand Theft Auto.

Mesmo os versos da canção pouco se distanciam do universo poético detalhado no álbum anterior. Com exceção da mudança conceitual para a cidade de Los Angeles, cenário escolhido pelo coletivo britânico como pano de fundo para as canções, For Ever encontra nos dramas, desilusões e conflitos intimistas do eu lírico a principal fonte criativa para a formação do trabalho. Canções como Happy Man e House In L.A., sempre guiadas pelo isolamento do protagonista, como uma extensão do material entregue em faixas como Lucky I Got What I Want e Julia.

A principal diferença em relação ao material entregue há quatro anos está no esforço do coletivo britânico em produzir um trabalho amplo e recheado de canções comerciais, evitando o destaque em torno de uma faixa específica, como aconteceu com Busy Earin’. São pelo menos três grandes singles — Heavy, California, Happy Man e House In L.A —, que brotam em momentos estratégicos da obra, garantindo maior consistência e dinamismo ao registro.

Curioso perceber em Cherry, sétima faixa do trabalho, uma fuga propositada desse mesmo direcionamento acessível e, consequentemente, o momento de maior beleza do álbum. Minimalista, a composição guiada pela força dos sentimentos parece seguir a trilha do material assinado por produtores como Jai Paul e James Blake, jogando com a formação de um R&B torto, ainda que intimista, trazendo, mesmo que por alguns minutos, um fino toque de renovação ao Jungle.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.