Resenha: “Forte”, Bruno Souto

/ Por: Cleber Facchi 18/10/2016

Artista: Bruno Souto
Gênero: Alternativo, Indie, Romântico
Acesse:  https://www.facebook.com/brunosoutooficial

 

Romântico. Três anos após o lançamento do primeiro registro em carreira solo, Estado de Nuvem (2013), o cantor e compositor pernambucano Bruno Souto, está de volta com um novo álbum repleto de composições inéditas. Em Forte (2016, Deck Disc), cada canção presente no interior do trabalho se projeta como um precioso exercício confessional. Memórias e fragmentos sentimentais que incorporam o que há de mais doloroso, sensível e honesto na poesia do artista.

Claramente inspirado pelo mesmo romantismo de Odair José, Amado Batista e outros gigantes do cancioneiro popular, Souto faz de cada música um doloroso registro intimista. São declarações de amor movidas pela provocação (Forte), faixas corrompidas pela temática da separação (Muito Além de Nós) e ciúme  (Amor Demais). Uma delicada extensão do material produzido não apenas no primeiro álbum do cantor, mas em grande parte da discografia da Volver, antiga banda de Souto.

Menos “hermético” em relação ao som produzido pelo artista há três anos, Forte reflete o claro fascínio de Souto pela música pop. Da forma como os versos parecem projetado para grudar na cabeça do ouvinte — “É amor mas não dá mais / Não dá mais / Porque é amor demais”—, sempre pegajosos, passando pelo uso de uma estrutura melódica que envolve, seduz e provoca com leveza, difícil passear pelas canções do trabalho e não ser atraído logo em uma primeira audição.

A cada nova composição, um jogo de versos e melodias sempre envolventes. “Teu medo que se dane / No canto da tua boca escorre o meu prazer / Vem correr perigo / Sei que vale o risco de se arrepender”, canta logo nos primeiros minutos do álbum, indicando parte do charme ardiloso que alimenta grande parte das canções. Um romantismo nostálgico, empoeirado, por vezes íntimo do mesmo som produzido por Bárbara Eugênia, em Frou Frou, e Rafael Castro em Um Chopp e um Sundae, ambos de 2015.

Obra de detalhes, Forte oculta no interior de cada canção um catálogo de temas minimalistas. Perceba como os sintetizadores dançam ao fundo de Amor Demais. Em Faz Parte do Amor, quinta faixa do disco, um jogo de guitarras compactas, levemente dançantes. Como escapar do saxofone maroto de Madrugada, música que se espalha entre sussurros românticos e falsetes que emulam a obra de artistas como Bee Gees e Michael Jackson, este último, uma das influências de Souto para o presente álbum.

Com produção assumida por João Vasconcelos, o trabalho ainda se abre para a rápida interferência de um seleto time de colaboradores. Enquanto a sanfona de Marcelo Jeneci invade Repare, a guitarra de Régis Damasceno (Cidadão Instigado) toma conta da derradeira Muito Além De Nós. Colaborações e encaixes pontuais dentro de uma obra que naturalmente se esquiva de possíveis excessos – são apenas nove faixas, pouco mais de 30 minutos de duração –, encantando pela leveza e plena maturidade de cada canção.

 

Forte (2016, Deck Disc)

Nota: 8.5
Para quem gosta de: Bárbara Eugênia, Rafael Castro e Pélico
Ouça: Madrugada, Amor Demais e Repare

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.