Resenha: “G T’Aime”, G T’Aime

/ Por: Cleber Facchi 08/02/2017

Artista: G T’Aime
Gênero: Alternativo, Indie Pop, Pop Rock
Acesse: https://www.facebook.com/gtaimemusic/

 

Da abertura do disco em Said It All, passando pela libertação que cresce em Oh No, até a amargura explorada em False Love, difícil escapar do jogo de declarações românticas, delírios e arranjos enevoados que se espalham pelo interior do primeiro registro da dupla G T’Aime. Um esforço colaborativo entre a voz provocante e teclados da cantora Geanine Marques, também vocalista do Stop Play Moon, e a base instrumental delicadamente tecida pelo músico Rodrigo Bellotto.

Produzido em parceria com Maurício Takara (Hurtmold, São Paulo Underground), o trabalho gravado em junho de 2016 no estúdio El Rocha, em São Paulo, lentamente transporta o ouvinte para um cenário de emanações sutis e cores em preto e branco. Musicalmente, um registro que flutua entre o romantismo nostálgico da década de 1980 e o Trip-Hop, na composição dos versos, uma obra de sentimentos e temas universais, como se Geanine interpretasse diferentes histórias e personagens.

Na contramão de outros projetos recentes, como a homônima estreia de Mahmundi e demais registros influenciados pelo pop dançante dos anos 1980, cada uma das dez faixas de G T’aime encanta pela leveza e sofisticação dos arranjos. São melodias exploradas de forma doce, sedutora, ressaltando guitarras e sintetizadores que se espalham como um complemento aos vocais de Marques. Pouco mais de 30 minutos em que o ouvinte é conduzido para dentro de um ambiente marcado pelos detalhes.

Seja cantando em inglês, ou em português, Marques faz de cada fragmento um componente importante para o crescimento do trabalho. São canções de (des)amor que dialogam com os tormentos de qualquer indivíduo. Versos sensíveis, completos pelo folk-pop-empoeirado de Bellotto. Um bom exemplo disso está na crescente Nothing But Words, música que esbarra na mesma atmosfera de Escape From Evil (2015), último registro de inéditas do grupo norte-americano Lower Dens.

Em Oh No, quarta faixa do disco, um som leve, litorâneo, como uma canção esquecida do primeiro disco do Little Joy, efeito do contrastado jogo de versos bilíngues. Fazendo uso de boas guitarras, Cherry nasce como uma típica canção radiofônica, deliciosamente embalada para a trilha sonora de qualquer novela das sete. Na tímida Colorist, arranjos acústicos, sempre acolhedores, o oposto do clima sombrio que marca a densa False Love. Surgem ainda faixas como a semi-psicodélica You Know Me e a claustrofóbica In Between, um resumo da sonoridade versátil do disco.

Completo pela presença dos músicos Danilo Costabille (guitarras) e Ricardo Athayde (bateria), a estreia do G T’Aime é um trabalho que seduz logo na primeira audição. Um misto de reverência e busca por uma identidade própria que transporta o ouvinte para diferentes cenários, épocas e sensações. Não por acaso, cada composição ao longo do disco busca conforto em um estilo musical específico, como se Marques, Bellotto e os demais parceiros de banda brincassem com as possibilidades dentro de estúdio.

 

G T’Aime (2017, Joia Moderna)

Nota: 7.7
Para quem gosta de: Stop Play Moon, Mallu Magalhães e Silva
Ouça: Oh No, Nothing But Words e Colorist

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.