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Críticas

Rostam

: "Half-Light"

Ano: 2017

Selo: Nonesuch

Gênero: Indie Pop, Art Pop

Para quem gosta de: Vampire Weekend e Ra Ra Riot

Ouça: Don't Let It Get To You e EOS

7.5
7.5

Resenha: “Half-Light”, Rostam

Ano: 2017

Selo: Nonesuch

Gênero: Indie Pop, Art Pop

Para quem gosta de: Vampire Weekend e Ra Ra Riot

Ouça: Don't Let It Get To You e EOS

/ Por: Cleber Facchi 18/09/2017

Ainda que o trabalho como integrante do Vampire Weekend seja o grande destaque da carreira de Rostam Batmanglij, não há como ignorar a série de projetos assinados pelo músico nos últimos dez anos. Do synthpop que marca o colaborativo LP (2009), parceria com Wesley Miles (Ra Ra Riot) no Discovery, ao som nostálgico de I Had a Dream That You Were Mine, encontro criativo com Hamilton Leithauser (The Walkmen), sobram registros que mostram a força criativa do produtor nova-iorquino. Composições que ultrapassam a obra de Batmanglij e se conectam ao trabalho de diferentes nomes da música pop recente, caso dos parceiros Frank Ocean (Ivy), Carly Rae Jepsen (Warm Blood) e HAIM (Little of Your Love).

Longe de parecer uma surpresa, em Half-Light (2017, Nonesuch), primeiro álbum em carreira solo de Batmanglij, todas essas experiências acumuladas pelo músico na última década não apenas são conceitualmente resgatadas, como ganham novo enquadramento. Um pop torto, produzido a partir de pequenas camadas de ruídos, vozes carregadas de efeitos, batidas e melodias empoeiradas. Retalhos poéticos e instrumentais que sutilmente ganham destaque ao longo da obra.

Produzido em um intervalo de quase sete anos — músicas como Wood datam do início da presente década —, Half-Light sutilmente resgata e adapta uma série de elementos originalmente testados por Batmanglij em diferentes projetos. Do afro-pop à la Vampire Weekend de Don’t Let It Get To You, composição já conhecida do público, passando pelo som enevoado de Rudy, faixa que dialoga com recente parceria com Leithauser, cada composição ao longo da obra cria uma espécie de ponte para os antigos trabalhos do artista.

Mais do que um resgate criativo dos principais projetos de Batmanglij, em Half-Light, a todo instante o ouvinte é convidado a provar de algumas das maiores influências e referências particulares do artista. Do R&B em Hold You, colaboração com a cantora Angel Deradoorian, passando pelo uso de temas orientais em Wood, música que dialoga com a herança iraniana do produtor, cada composição ao longo do disco cresce como um experimento intimista do norte-americano, preferência que em nenhum momento prejudica o rendimento da obra.

Surgem ainda músicas como EOS e Gwan, composições em que Batmanglij confessa o próprio interesse pela obra de veteranos como Peter Gabriel e, principalmente, Paul Simon. Canções que mesclam elementos orquestrais, mergulham no uso de referências tribais e claramente se apropriam de uma série de conceitos originalmente testados em obras como Graceland (1986) e The Rhythm of the Saints (1990). Uma explosão de melodias e temas nostálgicos, vide a caseira Bike Dream ou mesmo a faixa-título do disco, breve colaboração com Kelly Zutrau, vocalista do trio Wet.

Mesmo pensado como uma obra não comercial, Half-Light acaba exercendo um estranho fascínio sob o ouvinte as cada nova audição. É como se o produtor ocultasse um mundo de histórias e detalhes instrumentais ao fundo de cada composição, distanciando o registro de um caminho óbvio. Não por acaso, Batmanglij decidiu tirar faixas mais acessíveis como Gravity Don’t Pull Me do corte final do trabalho, fazendo do presente álbum uma obra essencialmente particular, fechada, feita para ser desvendada aos poucos.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.