Resenha: “Hang”, Foxygen

/ Por: Cleber Facchi 20/01/2017

Artista: Foxygen
Gênero: Psicodélico, Rock, Alternativo
Acesse: http://www.foxygentheband.com/

 

Em meio a conflitos declarados entre os membros da banda e uma suposta turnê de despedida, Sam France e Jonathan Rado conseguiram encontrar força para a produção de um novo registro de inéditas do Foxygen. Em Hang (2017, Jagjaguwar), quarto e mais recente álbum de estúdio da dupla californiana, todos os elementos testados no antecessor …And Star Power, de 2014, assumem um novo e delicado enquadramento, reforçando a psicodelia nostálgica que há tempos orienta os trabalhos do grupo.

Como indicado durante o lançamento de America, composição entregue ao público em outubro do último ano, grande parte do presente registro parece ancorada nos anos 1970. Melodias, vozes e arranjos que espelham o trabalho de artistas como The Rolling Stones, Lou Reed e, principalmente, David Bowie na fase Young Americans (1975), referência explícita no coro de vozes e toda a dramaticidade presente em músicas como Follow The Leader.

Distante da atmosfera “hippie” que apresentou o trabalho da banda em We Are the 21st Century Ambassadors of Peace & Magic (2013), Hang se projeta como um registro sóbrio, maduro pela forma como os arranjos são explorados ao longo do disco. Um bom exemplo disso está em Trauma, música que flutua em meio a arranjos orquestrais, versos entristecidos e vozes em coro que transitam com naturalidade pela música gospel – elemento presente em grande parte da obra.

Curtinha, Upon a Hill talvez seja a composição que mais se aproxima dos primeiros registros da banda. Pouco mais de um minuto em que a banda se revela por completo, criando pequenas curvas rítmicas que jogam com a percepção do ouvinte. Um fragmento isolado, independente, como uma fuga do detalhamento complexo explícito em músicas como Rise Up, faixa de encerramento do disco e um imenso quebra-cabeça instrumental que transporta o ouvinte para diferentes cenários.

Ponto de partida para uma nova fase na carreira da banda, Hang se esquiva da construção de versos fáceis e pegajosos. Salve a dobradinha formada por Follow The Leader e Avalon, logo na abertura do disco, grande parte do trabalho encanta pela profundidade dos versos. São composições marcadas pelo cinismo, referências literárias e até recortes cotidianos. Uma evidente mudança de direção no trabalho da banda, mas que em nenhum momento prejudica o crescimento do disco.

Livre dos excessos que marcam …And Star Power – um álbum duplo, completo com 24 canções –, Hang surge como um trabalho contido. São apenas oito faixas, material mais do que suficiente para que Rado e France consigam experimentar dentro de estúdio. Um limitado acervo de faixas que conduze o ouvinte em direção ao passado, como um novo capítulo dentro da sequência de obras empoeiradas que a banda vem produzindo desde o começo da carreira.

 

Hang (2017, Jagjaguwar)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Unknown Mortal Orchestra, Temples e Pond
Ouça: Follow The Leader e America

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.