Resenha: “Heartworms”, The Shins

/ Por: Cleber Facchi 16/03/2017

Artista: The Shins
Gênero: Indie, Alternativa, Indie Pop
Acesse: http://www.theshins.com/

 

Seja em começo de carreira, com obras como Oh, Inverted World (2001) e Chutes Too Narrow (2003), ou logo após a parceria de James Mercer com Danger Mouse no Broken Bells, caso de Port of Morrow (2012), os trabalhos do The Shins sempre se dividiram entre a produção de temas intimistas e a busca por um som declaradamente pop. Uma natural separação que parece temporariamente rompida nas canções do comercial Heartworms (2017, Aural Apothecary / Columbia).

Primeiro registro de inéditas da banda em cinco anos, o trabalho de 11 faixas e produção assumida por Mercer emana frescor e boas melodias durante toda a execução. Da abertura do disco, com Name For You, passando pela mistura de ritmos em Painting a Hole, o rock levemente dançante de Half a Million até alcançar a derradeira The Fear, poucas vezes antes um disco do The Shins pareceu tão radiante, talvez explosivo como as guitarras e vozes indicam.

Produzida pelo ilustrador e designer Jacob Escobedo, a imagem de capa do disco parece ser a chave para entender o som produzido pelo The Shins em Heartworms. Uma coleção de ideias, ritmos e estéticas completamente distintas, como se diferentes influências de Mercer e demais parceiros de banda fossem sobrepostas durante toda a formação do álbum. Não por acaso, cada canção parece trabalhadas de forma independente, como pequenos atos isolados.

Segunda composição do disco, Painting a Hole nasce como uma verdadeira síntese do material produzido pela banda para o presente disco. A firmeza das batidas logo nos minutos iniciais, um coro de vozes sorridentes – “la la la la la la” –, sintetizadores falseando elementos da música árabe e a guitarra suja, por vezes climática. Uma propositada confusão instrumental que conversa diretamente com a poesia versátil lançada por Mercer.

Longe de parecer uma fuga dos primeiros discos do grupo, Heartworms ainda estabelece pequenas conexões com o passado. Exemplo disso está na doce Mildenhall. Quinta faixa do trabalho, a canção de versos sutis, ancorados em memórias da infância e adolescência do vocalista, parece dialogar com as canções do inaugural Oh, Inverted World. Um som propositadamente contido, leve, proposta que volta a se repetir em So Now What, música que conta com a produção do parceiro de banda Richard Swift.  

Inspirado, Heartworms nasce como uma clara tentativa do The Shins em se reinventar. Sem necessariamente fazer disso o princípio para uma obra esquizofrênica, James Mercer e os demais integrantes colecionam melodias vindas de diferentes épocas e tendências, trazendo de volta a mesma energia de outros clássicos do indie pop apresentado no meio dos anos 2000. Uma coleção de ideias que torna a audição do disco interessante até o último segundo.

 

Heartworms (2017, Aural Apothecary / Columbia)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Broken Bells, Spoon e Modest Mouse
Ouça: Painting a Hole, Name For You e Mildenhall

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.