Resenha: “Here”, Teenage Fanclub

/ Por: Cleber Facchi 12/09/2016

Artista: Teenage Fanclub
Gênero: Indie, Power Pop, Alternativo
Acesse: http://www.teenagefanclub.com/

 

Com intervalos cada vez maiores entre um trabalho e outro, o Teenage Fanclub faz de cada novo álbum de estúdio um verdadeiro objeto de desejo por parte do público. Seis anos após o lançamento do último registro de inéditas, o ótimo Shadows (2010), o quinteto de Bellshill, Escócia está de volta com mais um álbum marcado pela leveza das vozes e arranjos. Em Here (2016, Merge Records), 10º exemplar da carreira do grupo, uma madura continuação de tudo aquilo que a banda vem produzindo desde o começo dos anos 1990.

Típico registro do grupos escocês, o álbum de 12 faixas e pouco mais de 40 minutos de duração deliciosamente concentra todos os elementos que fizeram do coletivo um dos mais queridos do rock europeu. Do romantismo escancarado em I’m in Love, passando pela psicodelia acolhedora em Steady State e guitarras melódicas de I Have Nothing More to Say, o quinteto segue exatamente de onde parou há seis anos.

São letras marcadas pelo caráter essencialmente intimista dos versos, arranjos manipulados de forma sutil pelo uso de efeitos e melodias de vozes que dialogam de forma explícita com a obra de grupos como The Kinks e Beach Boys. São mais de cinco décadas de referências que se encontram com naturalidade no interior da obra, como se para além da própria herança e obras icônicas como Bandwagonesque (1991) e Grand Prix (1995), a banda continuasse a explorar novas sonoridades.

Os teclados em constante diálogo com os versos de With You, a melancolia explícita nos arranjos e vozes em coro de The Darkest Part of the Night, o rock nostálgico que escapa de Thin Air. Durante toda a construção da obra, diferentes paisagens instrumentais se espalham ao fundo do disco, fazendo de cada composição no interior de Here um fragmento que merece ser explorado com verdadeira atenção. Um mundo de pequenos segredos, texturas instrumentais e vozes posicionadas de forma a encantar o ouvinte logo na primeira audição do disco.

Estimulo para todo o restante da obra, I’m In Love sintetiza o que há de mais belo na poesia e música produzida pelo Teenage Fanclub. “Você veio até mim / Com os braços abertos / Você não sabe / O que significa para mim / Menina, eu te devo minha vida”, confessa a apaixonada letra da canção, ponto de partida para a construção de músicas como I Was Beautiful When I Was Alive, Conected To Life e The First Sight.

Leve e honesto em cada uma de suas composições, Here é tudo que qualquer seguidor do Teenage Fanclub – antigo ou recente – poderia esperar. São memórias de um passado ainda recente, confissões românticas, guitarras carregadas de forma explícita pela nostalgia e um coro de vozes que parece cercar o ouvinte do primeiro ao último instante do trabalho. Um verdadeiro produto de toda a experiência acumulada pela banda nas últimas duas décadas.

 

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Here (2016, Merge Records)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: The Pastels, Yo La Tengo e Superchunk
Ouça: I’m In Love, The First Sight e I Was Beautiful When I Was Alive

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.