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Críticas

Chelsea Wolfe

: "Hiss Spun"

Ano: 2017

Selo: Sargent House

Gênero: Rock Gótico, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Marissa Nadler e Queens of The Stone Age

Ouça: Vex, Offering e Twin Fawn

8.0
8.0

Resenha: “Hiss Spun”, Chelsea Wolfe

Ano: 2017

Selo: Sargent House

Gênero: Rock Gótico, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Marissa Nadler e Queens of The Stone Age

Ouça: Vex, Offering e Twin Fawn

/ Por: Cleber Facchi 03/10/2017

O evidente amadurecimento e mudança de postura iniciado por Chelsea Wolfe durante o lançamento de Pain Is Beauty (2013) parece longe de chegar ao fim. Entre versos melancólicos, sempre confessionais, a cantora e compositora norte-americana mergulha na construção de um trabalho cada vez mais ruidoso, épico e teatral, postura reforçada na produção do quarto registro de inéditas, Abyss (2015), mas que ganha novo reforço nas canções do recente Hiss Spun (2017, Sargent House).

Expansivo lírica e musicalmente, como um contraponto à minimalista imagem de capa do disco, Hiss Spun é o típico exemplar de uma obra que parece maior a cada nova audição. Ainda que seja possível perceber todas as nuances e possibilidades do registro logo na inaugural Spun — um rock denso, quase intransponível, como uma barreira de ruídos e efeitos —, toda essa sensação ecoa de forma ampliada à medida que avançamos pelo trabalho.

Primeiro registro da parceria entre Wolfe e Kurt Ballou, produtor do disco e um dos nomes aos comandos do Converge, cada segundo do registro joga com a grandiosidade e força dos arranjos. São atos extensos, com seis ou mais minutos de duração em que a cantora transforma a própria angústia no principal estímulo para a construção arranjos. Músicas como a The Culling e Twin Fawn, capazes de conduzir o ouvinte para dentro de um verdadeiro turbilhão emocional.

Mesmo nos instantes de maior “leveza” do disco, Wolfe preserva o conceito ruidoso que orienta o trabalho desde a primeira canção. Músicas de essência atmosférica, caso de Strain e Welt, mas que acabam servindo como um estimulo para a projeção de faixas semi-épicas como Two Spirit. Um exercício criativo que preserva a essência da cantora e ainda detalha a profunda interferência de um time de colaboradores no decorrer da obra.

Além da forte interferência de Ballou, Hiss Spun cresce de forma expressiva nas guitarras raivosas de Troy Van Leeuwen, colaborador frequente do Queens of the Stone Age, ou mesmo na breve parceria com o músico Aaron Turner, um dos integrantes do Isis. Uma dose extra de energia (e ruídos) que ganha destaque em algumas das principais faixas do disco, caso da sequência formada por 16 PsycheVex, principalmente, na pulsante Offering.

Segura continuação do material que vem sendo produzido pela musicista desde o início da presente década, Hiss Spun nasce como um indicativo da força de Wolfe dentro de estúdio. Do momento em que tem início, em Spun, passando por faixas como Vex, Particle Fix, Offering e Twin Fawn, blocos imensos de ruídos servem de alicerce para a poesia expositiva da cantora, sempre centrada e confissões amorosas, medos e angústias que se conectam diretamente aos principais tormentos de cada indivíduo.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.