Resenha: “Honey”, Katy B

/ Por: Cleber Facchi 06/05/2016

Artista: Katy B
Gênero: Electronic, Pop, R&B
Acesse: http://www.katybofficial.com/

 

Katy B está longe de parecer a artista que debutou no começo da presente década com Katy on a Mission e a dançante Louder. Depois de dois álbuns de estúdio bem-sucedidos – On a Mission (2011) e Little Red (2014) –, a cantora e compositora britânica encara o terceiro registro de inéditas como o trabalho mais “complexo” de toda a carreira. Uma obra colaborativa, escrita em totalidade pela artista inglesa, porém, musicalmente fragmentada entre diferentes produtores.

Intitulado Honey (2016, Rinse / Virgin EMI), o trabalho de 13 faixas se projeta como uma continuação do material apresentado nos dois últimos trabalhos de Kathleen Brien – verdadeiro nome da artista inglesa. Músicas que passeiam pelo mesmo R&B melancólico testado em Little Red (Who Am I, Water Rising), esbarram nas batidas de On a Mission (Calm Down, Lose Your Head) e ainda replicam conceitos inicialmente incorporados nos primeiros singles da cantora (So Far Away).

Trata-se de uma obra essencialmente versátil. Enquanto a autointitulada faixa de abertura parece ancorada no meio da década de 1990, detalhando sintetizadores e vozes melódicas, típicas de artistas como Aaliyah, em Who Am I, segunda canção do disco e peça produzida pelo norte-americano Diplo, um diálogo com o mesmo pop de Rihanna e outros nomes recentes. Pouco mais de 50 minutos, tempo suficiente para que Brien e o time de parceiros sejam capazes de brincar com os arranjos e ritmos.

Em se tratando dos versos que recheiam a obra, a mesma base sentimental. São letras essencialmente confessionais, dolorosas, estímulo para grande parte da obra. “Quem sou eu se não estou te amando? / Quem sou se você não está me amando?”, questiona Brien em Who Am I, perfeita síntese de todo o romantismo que recheia o disco. “É tarde demais / Ele enterrou na minha alma / No fundo”, canta em Calm Down, faixa que ultrapassa o universo da cantora para explorar a relação turbulenta de um casal.

Longe de parecer um novo registro solo, o grande destaque de Honey está na continua interferência dos produtores. Mesmo que determinadas faixas sejam assumidas individualmente por um produtor ou outro, caso da climática Heavy, produzida pelo londrino Mr. Mitch, e I Wanna Be, de Chris Lorenzo, durante todo o trabalho, Brien cria pequenos encontros entre veteranos e novatos da cena eletrônica. Nomes como Four Tet e Floating Points, em Calm Down, ou mesmo Mssigno e Geeneus na delicada Water Rising.

Tamanha interferência do time de produtores acaba resultando na construção uma obra dinâmica, conceitualmente inédita a cada nova composição. Uma coleção de faixas que dialogam de forma assertiva com as pistas (So Far Away), detalham versos melancólicos (Heavy), instantes de pura intimidade (Dreamers) e tormentos (Who Am I) que mais uma vez confirmam a relevância do trabalho de Katy B dentro do atual pop britânico.

 

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Honey (2016, Rinse / Virgin EMI)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Jessie Ware, AlunaGeorge e Banks
Ouça: Who Am I, Heavy e Calm Down

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.