Críticas

Spoon

: "Hot Thoughts"

Ano: 2017

Selo: Matador

Gênero: Indie Rock, Rock

Para quem gosta de: The New Pornographers, The Shins

Ouça: Tear In Down e Can I Sit Next to You

8.0
8.0

Resenha: “Hot Thoughts”, Spoon

Ano: 2017

Selo: Matador

Gênero: Indie Rock, Rock

Para quem gosta de: The New Pornographers, The Shins

Ouça: Tear In Down e Can I Sit Next to You

/ Por: Cleber Facchi 22/03/2017

Com o lançamento de They Want My Soul, em agosto de 2014, Britt Daniel e os parceiros Jim Eno, Rob Pope e Alex Fischel alcançaram um novo estágio dentro da extensa discografia do Spoon. Um trabalho marcado pelo uso de boas melodias e repleto de canções pegajosas, como uma versão delicada do mesmo som originalmente testado em obras como Kill the Moonlight (2002) e Ga Ga Ga Ga Ga (2007), dois dos registros mais acessíveis e bem-recebidos pelo público fiel da banda.

Interessante perceber em Hot Thoughts (2017), nono álbum de inéditas e o retorno do grupo texano ao selo Matador Records, uma espécie de recomeço. Sem necessariamente fugir do mesmo art pop testado há três anos, cada faixa do presente disco nasce como um curioso experimento. São ruídos eletrônicos, diálogos com o dance-punk do final da década de 1970 e todo o catálogo de melodias preciosas que a banda de Austin vem acumulando desde o começo dos anos 1990, quando formada.

Perfeita síntese do som produzido para o disco, Can I Sit Next to You flutua em meio a experimentos controlados que transportam o ouvinte para diferentes cenários, épocas e tendências. Um cuidadoso jogo de melodias funkeadas, a linha de baixo suculenta, batidas sempre precisas e entalhes eletrônicos que se espalham de forma sutil ao fundo da canção. Pouco menos de quatro minutos em que o quarteto norte-americano parece brincar com as possibilidades e arranjos dentro de estúdio.

“Possibilidades”. De fato, essa parece ser a palavra que orienta grande parte do presente álbum. Em um sentido oposto ao som homogêneo testado no disco de 2014, Hot Thoughts faz de cada composição um objeto curioso, por vezes incompleto. Perceba como diferentes fragmentos instrumentais se escondem ao fundo do trabalho. A própria faixa de encerramento do disco, a instrumental Us, nasce como uma colagem de experiências e temas jazzísticos, distanciando o Spoon de uma possível zona de conforto.

Em se tratando dos versos, difícil não ser arrastado pela poesia confessional e leve que recheia o disco. “Sim, eu sinto você hoje / Deixe-os construir uma parede em torno de nós / Eu não me importo, vou derrubá-la”, canta Daniel em Tear It Down, música que preenche os ouvidos logo em uma primeira audição. A mesma força das palavras se reflete ainda em I Ain’t the One, First Carees e WhisperI’lllistentohearit, essa última, composição que parece vinda de algum disco do Dire Straits.

Pop e experimental na mesma medida, Hot Thoughts pode não repetir o mesmo aspecto radiofônico apresentado em They Want My Soul, entretanto, difícil passear pelas canções do disco com indiferença. Marcado pelos detalhes e pequenas inserções instrumentais que se espalham pelo trabalho, o nono álbum do Spoon nasce como uma obra que parece feita para ser desvendada pelo público, lentamente. Um registro vivo, diferente a cada nova audição.

 

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.